Resumo |
Este trabalho, desenvolvido em pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq/ UFV-2020), tem como objetivo investigar as construções gramaticais “Quem Mandou X?” e “Quem Manda X?” enquanto Construções de Repreensão da Língua Portuguesa, além de descrever e detalhar suas estruturas e configurações gramaticais a partir de contextos reais de uso. Para fundamentar a pesquisa, foram utilizados os pressupostos teóricos de Goldberg (1995), Ferrari (2011), Martelotta & Palomanes (2017) e Pinheiro (2016), que discutem a definição de construções gramaticais na abordagem da Linguística Cognitiva como pareamentos entre forma e função. A partir de uma metodologia empírica, para a coleta dos dados a serem analisados, foram feitas buscas sistematizadas através da ferramenta de Busca Avançada do Google em três domínios com grande volume de publicações: (1) abril.com, (2) blogspot.com.br e (3) uol.com.br. Para a expressão “Quem mandou”, foram selecionadas as 70 primeiras ocorrências, totalizando 210. As ocorrências foram classificadas em: “Repreensão”, “Verificação/Pergunta” e “Afirmação”. A segunda etapa metodológica consistiu na busca pela expressão “Quem manda” seguida dos cinco verbos subsequentes “ser”, “estar”, “querer”, “dizer” e “fazer” nos mesmos domínios. Foram selecionadas as 14 primeiras ocorrências em cada verbo e site. Também foram obtidas 210 ocorrências totais. Como resultados válidos para a pesquisa, as instâncias classificadas como “Repreensão” totalizam: 49 para a construção “Quem mandou” e 83 para a construção “Quem manda”. O processo de análise dos dados envolve o levantamento dos seguintes pontos: (i) configuração sintática (pontuação utilizada); (ii) os tipos de alvo repreendidos e verbos empregados; e (iii) disposição gradativa dos tipos de repreensão, que poderiam ser: crítica velada, crítica severa, elogio ou crítica irônica. A pesquisa tem apresentado os seguintes resultados parciais: Há tendência à manutenção da pontuação de interrogação, caracterizando as construções como pseudoperguntas, como em “Quem mandou casar com velho?” (Uol.com.br). Sobre a relação Verbo/Alvo, em ambas as construções, a maior parte das repreensões é feita através de verbos de ação a um interlocutor comum, especificado ou não. Por fim, em relação à gradação das repreensões, até o momento a pesquisa aponta que a construção “Quem Mandou X” se instancia, em muitos casos, como uma interação cristalizada, como no título “Edições Quem Mandou”. Já a construção “Quem Manda X” tende a aparecer em diferentes tipos de crítica, sendo a maioria de crítica severa, como em “Quem manda fazer escolhas erradas? (Blogspot). Nossas análises têm legitimado as referidas construções como recursos linguísticos em que o usuário da língua, utilizando-se do formato de pseudoperguntas, pode, de maneira direta ou velada, repreender seu interlocutor, a partir de uma leitura holística da expressão. |