Resumo |
O déficit hídrico é um desafio que afeta todas as culturas, inclusive a do cafeeiro. Uma das alternativas para lidar com o déficit hídrico é o desenvolvimento e seleção de variedades tolerantes, entretanto, faltam critérios para a identificação destes genótipos, sendo as informações disponíveis baseadas na experiência empírica de pesquisadores e produtores. As plantas têm estratégias limitadas para lidar com estresses, que variam de características estruturais, morfológicas, anatômicas e outras. Neste trabalho levantamos a hipótese de que existem características anatômicas das raízes de diferentes variedades de café que podem contribuir para a tolerância ao estresse por déficit hídrico. Neste contexto, este trabalho teve por objetivo analisar e descrever a histometria de raízes laterais primárias de treze variedades de café, como base para a busca de características de tolerância ao déficit hídrico. Foram utilizadas três plantas adultas de treze acessos de Coffea arabica selecionadas com base nas informações empíricas, relatadas por diferentes pesquisadores, sobre o fenótipo de tolerância ao déficit hídrico. As raízes laterais primárias foram amostradas e processadas de acordo com metodologia de rotina do Laboratório de Anatomia Vegetal e Morfogênese. As amostras foram fixadas em FAA e em seguida, infiltradas em resina histológica (metacrilato), seccionadas e com os cortes foram preparadas lâminas histológicas coradas com azul de toluidina. As lâminas obtidas foram analisadas e as imagens documentadas em Fotomicroscópio AX70. Foram avaliados apenas os cortes de raízes que estavam em desenvolvimento primário. Para cada amostra foram avaliados entre 5 e 9 cortes de raízes diferentes para as medidas de seção transversal total e as áreas correspondentes ao tecido epidérmico, região cortical, cilindro central, xilema e floema primários. Observa-se que apesar da variação da histologia das raízes laterais primárias entre e dentro das amostras das variedades de cafeeiro em apenas um ambiente, apesar de que a discriminação dos genótipos considerados mais e menos tolerantes ao déficit hídrico não foi possível. Essa variação é atribuída à plasticidade fenotípica inerente ao cafeeiro e às possíveis interações com microrganismos, estágio de desenvolvimento, propriedades do solo entre outras características que podem influenciar na diferenciação dos tecidos nas raízes. A única variável que apresentou diferença significativa entre as amostras das variedades contrastantes foi a área de seção transversal do estelo. Considerando esta região ser ocupada por tecidos vasculares, acredita-se que a maior diferenciação destes tecidos possa favorecer a uma melhor adaptação das variedades mais tolerantes a condições de menor disponibilidade de água. Observamos que a maior proporção de tecidos vasculares pode contribuir para a melhor adaptação de algumas variedades de café a eventual condição de estresse por déficit hídrico. |