Resumo |
Dentre os fatores abióticos que limitam a produtividade das plantas, tem-se os altos níveis de radiação solar incidente. O aumento excessivo da luz acima da capa-cidade de utilização e dissipação pela planta pode levar à formação de espécies reativas de oxigênio, capazes de danificar/inativar o PSII, como revelado por um rápido declínio de sua eficiência quântica. Tal condição de estresse é denominada fotoinibição. As antocianinas fazem parte do grupo mais comum de flavonoides e, além da pigmentação, acredita-se que atuam na fotoproteção das plantas, haja vista seu requerimento quando folhas são expostas a condições de alta intensidade luminosa. Questiona-se, no entanto, se a fotoproteção fornecida pelo acúmulo de antocianinas nas folhas traria impacto positivo suficiente para favorecer o crescimento da planta. Neste trabalho, verificou-se o papel fotoprotetor de antocianinas e seu respectivo impacto no crescimento de plantas de tomate (Solanum lycopersicum). Para tal, foram utilizados dois genótipos: cultivar Micro-Tom (MT) e heterozigoto para 35S::ANT1TAL-2 (mutantes com maior contéudo de antocianina). Delineou-se três tratamentos experimentais, sendo eles formados por plantas dos dois genótipos que germinaram e cresceram em alta luz (HH) , baixa luz (LL) e plantas que germinaram e cresceram em baixa luz e depois foram transferidas para alta luz (LH). Realizaram-se medidas da eficiência quântica máxima do FS II (Fv/Fm), altura, diâmetro, área foliar total, massa seca e pigmentos. Concluiu-se, a partir dos dados de fluorescência, que a mudança do ambiente de baixa luz para alta luz causou significativa queda no Fv/Fm de plantas do genótipo MT, levando à fotoinibição crônica e recuperação tardia da eficiência quântica quando comparadas às plantas roxas, sendo possível a observação visual dos fotodanos. Como evidência adicional da capacidade de absorção luminosa das antocianinas, foram encontradas características da ANT1TAL-2 semelhante àquelas de plantas crescendo sob condições sombreadas: maiores estiolamento e área foliar específica, menor ramificação (maior dominância apical), maior concentração de clorofilas e menor razão clorofila a:b em relação ao MT. No entanto, a fotoproteção fornecida pelas antocianinas não favoreceu o crescimento das plantas roxas, as quais sempre apresentaram acúmulo de massa seca inferior ao MT dentro de cada condição luminosa, evidenciando o alto custo metabólico da produção excessiva de antocianinas. |