Resumo |
Em 2019, o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale S/A, na cidade em Brumadinho (MG), foi o maior acidente de trabalho da história do país e um dos maiores desastres ambientais causados pelo homem no Brasil. Desde então, o meio ambiente, sofre bruscamente o impacto desse desastre. A ruptura liberou cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de produção mineral no ribeirão Ferro-Carvão, que foram transportados até o rio Paraopeba. Entre os rejeitos de minérios encontrados na água, destaca-se os metais pesados como o ferro, manganês, alumínio, chumbo e mercúrio. Diante disso, o trabalho teve o objetivo de analisar os dados da qualidade da água do rio Paraopeba em três trechos diferentes por um período de 18 meses após o desastre. Estes dados foram obtidos nos relatórios e informativos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). Os pontos de coleta escolhidos foram nas estações de Brumadinho (BPE2); Betim (BP072); e Curvelo (BP078). Entre os dados analisados encontram-se os de turbidez (NTU), sólidos totais (mg/L), oxigênio dissolvido (mg/L) e metais pesados (mg/L ou μm/L) como o alumínio, ferro, manganês, chumbo e mercúrio. Os dados foram compilados em gráficos e tabelas para realização de uma comparação entre as três localizações, juntamente com a legislação vigente. Dentre os resultados, evidencia-se que todos os parâmetros, com exceção do mercúrio e oxigênio dissolvido, obtiveram muitas oscilações, com diminuições positivas nas quantidades, alcançando até o limite vigente. O quesito turbidez apresentou uma faixa de variação de 30240NTU até 2NTU, tendo limite vigente de 100NTU. Também foram revelados altos valores nos sólidos totais mesmo após meses do ocorrido, como em janeiro de 2020: 910mg/L (Brumadinho), 1881mg/L (Betim), 588mg/L (Curvelo). Na análise de manganês, na cidade de Brumadinho, variou de 19,06mg/L até 0,159mg/L, estando sempre acima do limite máximo permitido que é 0,1mg/L. O manganês em altas concentrações na água apresenta risco para saúde humana, sendo capaz de causar problemas neurológicos. No parâmetro do alumínio, o limite de 0,1mg/L foi ultrapassado diversas vezes, manifestando 3,16mg/L como o valor mais alto. Em contrapartida, a quantidade de oxigênio dissolvido não alterou significativamente em decorrência do desastre. A concentração de mercúrio foi elevada nos três primeiros meses (entre 2,13μm/L até 0,262μm/L). Porém, esse valor caiu e se manteve dentro dos limites aceitáveis (<0,2μm/L) em todos os outros meses. Fica evidente que um longo período de tempo é necessário para que o meio ambiente se reestabeleça, mesmo com a adoção de medidas corretivas pelo homem. E que a lição tem que ser aprendida para que outros desastres ambientais não ocorram novamente. Existe ainda um longo caminho pela frente para recuperação total do rio e para uma reparação socioambiental integral da bacia do rio Paraopeba. |