Resumo |
O processo de urbanização da cidade de Viçosa é relativamente recente, como observado também nos processos de urbanização do Brasil e de outros países da América Latina. Levando em consideração aspectos como o aumento populacional em Viçosa, observa-se gradualmente um crescimento populacional quantioso, e observa-se ainda um crescimento da população urbana em detrimento da rural. Sabe-se que este processo de urbanização nunca é igual nos territórios ou entre as cidades de distintas escalas locais e globais. Localizadas nas áreas rurais do município de Viçosa, as comunidades do Buieié e do Paraíso encontram-se nas áreas limítrofes entre rural e urbano. Em seu cotidiano seus moradores convivem com as consequências do processo de expansão urbana por se encontrarem próximas as saídas da Universidade Federal de Viçosa em áreas com crescente valorização imobiliária. A cidade capitalista é reflexo da sociedade capitalista, o que significa que ela é em sua essência desigual. Nessa medida, “o equilíbrio social e da organização espacial não passa de um discurso tecnocrático, impregnado de ideologia”. Segundo Corrêa a passagem da terra agrícola para a terra urbana se mostra bastante complexa, envolvendo diferentes demandas por terras e habitações, e depende do aparecimento de novas camadas sociais vindas de fluxos migratórios que detém níveis de renda capazes de participar do mercado de terras e habitações. Diz ainda que a usos típicos de periferias que estão em de acordo com certas atividades econômicas que ali se encontram, criando assim a urbanização de status e a urbanização popular. É necessário, por outro lado, compreender os processos de especulação imobiliária que tem forçado a região a um novo ordenamento, com tendências a verticalização ou à configuração de terrenos urbanos, modificando o valor dos lotes e, sobretudo, afetando a dinâmica social , inviabilizando a existência de terrenos com ordenamento rural e territorialidades e modos de vida rurais, bem como geração de renda vinda da produção agrícola. Como esse processo relaciona-se a vários fatores faz-se de extrema relevância estudar sob um ponto de vista local fatos que se desenvolvem num panorama global, pois estudar o local se mostra fonte de compreensão da escala do global como destaca alguns autores entre os quais Ramírez. Neste, é colocado que o trabalho com as escalas não se dá de forma automatizada, mas sim a partir do redimensionamento das mesmas. Assim sendo o estudo das comunidades do Paraíso e do Buieié se mostra na ordem do dia para a geografia, não somente para a compreensão na escala do local, mas também sua relação com global, da qual é consequência produzida e ao mesmo tempo que é produtora. Nesta perspectiva as escalas geográficas ajudam desenhar os espaços, constituindo-se o seu estudo essencial para se entender a criação e a recriação dos espaços em uma sociedade movida pelos interesses capitalistas. |