Resumo |
Os plantios de restauração florestal aliados à neutralização de carbono contribuem significativamente para a redução de Gases de Efeito Estufa (GEE). Isso é devido à capacidade que as espécies arbóreas têm de incorporar dióxido de carbono (CO2) em sua biomassa, por meio do processo fotossintético. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o estoque de carbono de espécies florestais nativas em plantios de neutralização com 9 e 10 anos. As áreas avaliadas neste estudo, estão localizadas no Espaço Aberto de Eventos da Universidade Federal de Viçosa e foram implementadas em 2010 e 2011. Inventários anuais foram realizados nas duas áreas coletando altura (H) e diâmetro na altura do solo (DAS) de todos os indivíduos, com o auxílio da fita métrica e Vertex. Em 2021 foi realizado a cubagem não destrutiva de 21 indivíduos de ambas áreas, o que permitiu o ajuste da equação volumétrica de Schumacher e Hall para quantificar o estoque de carbono nos plantios, representada por: Cij: [0,000000008734 x (DAS1,892) X(H1,758)]. Em seguida realizou-se a conversão do resultado de carbono (C) para dióxido de carbono (CO2) multiplicando pelo fator (44/12) entre os pesos moleculares. O estoque de carbono para plantios de 9 e 10 anos foram respectivamente 8,06 Kg e 8,96 Kg CO2.individuo.ano-1. Estes valores são considerados satisfatórios pois estão acima dos 6KgCO2.individuo.ano-1 esperado nos plantios de neutralização. Dentre as espécies pioneiras plantadas, as que registraram maiores valores do incremento médio anual de dióxido de carbono (IMACO2) foram Ateleia glazioviana (19,10 kgCO2.ano-1), Anadenanthera colubrina (20,12 kgCO2.ano-1) e Senna multijuga (9,98 kgCO2.ano-1). Esses valores podem ser explicados pelas características comumente observadas nessas espécies, como o seu desenvolvimento rápido, alta sobrevivência, rusticidade e adaptabilidade. Já as espécies não pioneiras como Handroanthus chrysotrichus (0,23 kgCO2.ano-1 ) e Hymenaea courbaril ( 0,53 kgCO2.ano-1 ) possuem baixo incremento em CO2, dado que esse grupo ecológico é caracterizado por um ritmo de crescimento lento e, por consequência, leva a um incremento de biomassa inicialmente menor. Desse modo, os plantios de 2010 e 2011 possuem estocagem de carbono acima da média esperada. Já no que diz respeito aos grupos ecológicos as duas espécies contribuem positivamente para a estocagem de carbono, mas em momentos diferentes dos seus ciclos de vida. As pioneiras contribuem mais com a estocagem de carbono inicialmente, se comparadas ao grupo das não pioneiras. Porém, as pioneiras, ao longo do tempo, podem diminuir a sua contribuição na estocagem de carbono ao morrerem e saírem do sistema e, com isto, a maior contribuição pode passar a ser das não pioneiras por terem maior longevidade nas florestas. |