Resumo |
A demanda energética mundial e o esgotamento das reservas de combustíveis fósseis têm estimulado a procura por fontes alternativas e sustentáveis de combustíveis. A utilização de matérias-primas lignocelulósicas, oriundas da produção agrícola, é uma opção economicamente promissora para a produção de biocombustíveis. A biomassa lignocelulósica possui celulose, homopolímero de glicose, e hemicelulose, heteropolímero de hexoses e pentoses, principalmente xilose. Estes polímeros podem ser utilizados por microrganismos como fonte de carbono para fermentação e síntese de bioprodutos. A levedura oleaginosa Papiliotrema laurentii UFV-1 assimila eficientemente glicose e xilose, como fontes de carbono para a produção de altos teores de lipídios. Esses lipídios, em grande parte acumulados na forma de triacilglicerol, podem ser utilizados para a produção de biodiesel. Além disso, a análise do genoma de P. laurentii UFV-1 identificou genes que codificam enzimas celulolíticas e hemicelulolíticas, destacando o potencial de aplicação dessa levedura para produção de lipídios a partir de biomassas lignocelulósicas. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento de P. laurentii UFV-1 em meio de cultivo contendo xilana (Beechwood, Sigma) e carboximetilcelulose (CMC, Sigma) como fonte de carbono. Os cultivos foram realizados em meio ágar YP (peptona 2% (m/v), extrato de levedura 1% (m/v), ágar 1% (m/v)) ou YNB (base de nitrogênio para leveduras 0,67% (m/v)) e ágar 1% (m/v), contendo xilana ou CMC 1% (m/v), a 37 °C. Os cultivos em meio líquido foram incubados a 30 ºC, a 200 rpm com meios YP- xilana 0,5% (m/v), YNB- xilana 0,5% (m/v), em que o crescimento foi avaliado por contagem de células no microscópio com câmara de Neubauer. Já nos meios YP-CMC 0,5% (m/v) e YNB-CMC 0,5% (m/v) o crescimento foi acompanhado pela medida da densidade ótica da cultura em espectrofotômetro a 600 nm. Nos cultivos em meio ágar o aparecimento de colônias foi observado após 24h de incubação, sendo que colônias em meio ágar YNB foram menores do que em ágar YP. Nos cultivos em meio líquido contendo xilana, a velocidade específica de crescimento foi menor no meio YNB (0,257 h-1) em relação ao meio com YP (0,403 h-1). A levedura não cresceu em meio YNB contendo CMC como única fonte de carbono e energia. Por outro lado, P. laurentii cresceu em meio YP-CMC, apresentando uma velocidade específica de crescimento de 0,374 h-1. A capacidade de fermentação de carboidratos complexos apresentada pela levedura P. laurentii indica o potencial da utilização de biomassas lignocelulósicas para produção de lipídios. Dessa forma, a capacidade de hidrólise de polissacarídeos por P. laurentii deve ser melhor avaliada a fim de estabelecer as condições e a composição do meio de cultivo para induzir a produção de enzimas celulolíticas e hemicelulolíticas em cultivos empregando biomassas lignocelulósicas. |