Resumo |
INTRODUÇÃO: A eclosão da pandemia provocada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) em 2020 preocupou toda a população mundial, fazendo com que estratégias para contenção da transmissão do vírus fossem implantadas e medidas de proteção individual recomendadas. No Brasil, adotou-se o distanciamento social como medida de enfrentamento da pandemia, o que determinou o fechamento de escolas e outros serviços considerados não essenciais. Essa estratégia promoveu, portanto, o isolamento da população em suas casas, com vistas a mitigar a transmissão do patógeno. Todavia, essa não foi a única consequência do distanciamento social. A literatura indica que a população, em destaque, as crianças, tiveram seu desenvolvimento biológico e psicossocial afetados pelas medidas restritivas ocasionadas pela pandemia. O confinamento populacional fez com que as crianças tivessem que se adaptar a esse novo contexto, o que foi ainda mais desafiador para aquelas com dificuldade em enfrentar mudanças de rotina, como as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). OBJETIVOS: Discutir sobre o impacto do distanciamento social no bem-estar de crianças autistas. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográfica em que foram realizadas consultas nos bancos de dados da SciELO, MEDLINE e BVS, utilizando os descritores “desenvolvimento infantil”, “transtorno do espectro autista”, “distanciamento social” e “saúde da criança”, os quais foram combinados pelo operador “AND”. As buscas foram restringidas a artigos publicados durante o período de 2020 a 2021. A partir do cruzamento dos descritores foram identificados 28 artigos científicos e através de uma leitura minuciosa dos resumos, selecionou-se 7 publicações. RESULTADOS: Estudos realizados sobre o comportamento de crianças com TEA durante períodos adversos evidenciaram a intensificação de problemas comportamentais, fazendo com que o desenvolvimento social e comunicacional se torne um desafio ainda maior. No que concerne à atual pandemia, verifica-se que as crianças com TEA apresentaram um gerenciamento negativo de suas emoções causadas pelo isolamento social. Além disso, cabe destacar que o estresse diário pode elevar os níveis de cortisol e adrenalina, sobrecarregando o sistema cardiovascular e comprometendo o desenvolvimento neural. Isto posto, a curto prazo podem surgir ou se agravarem os transtornos de sono, agressividade e obsessão. A médio e longo prazo, há maior risco de atrasos no desenvolvimento, ansiedade e depressão. Somado a isso, o isolamento social promoveu menor acesso a terapias e tratamentos adequados, prejudicando a qualidade de vida dessas crianças. CONCLUSÕES: Torna-se indispensável a atuação da equipe multiprofissional de saúde de forma a acolher crianças com TEA e oferecer suporte às suas famílias. Logo, garantir a continuidade do cuidado e a manutenção da saúde mental, durante e após o período pandêmico, é fundamental. |