Resumo |
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi aplicado pela primeira vez em 1998 e desde então passou por diversas modificações. Nos dias atuais, ocupa posição de destaque no sistema nacional de avaliação, que também é composto pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), além de possuir elevada aceitação por parte da sociedade e ser a principal ferramenta de seleção de alunos para ingresso no Ensino Superior. Diante da magnitude e importância do exame na vida dos estudantes brasileiros e na sociedade, torna-se de grande relevância o seu estudo científico, por meio de diferentes metodologias e sob o prisma dos diversos ramos da ciência. Neste sentido, os objetivos deste trabalho foram avaliar, por meio de um modelo logístico de regressão, a participação de variáveis de características pessoais, educacionais e socioeconômicas no rendimento dos candidatos na prova do Enem, além de realizar uma análise descritiva das informações apresentadas no banco de dados disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O trabalho foi realizado considerando dados do Enem de 2018, sendo a variável resposta obtida a partir da nota final do candidato separada em seis categorias. Em seguida, foram definidas quinze covariáveis que comporiam o modelo, sendo estas classificadas entre características pessoais (cor/raça, estado civil, idade e sexo), educacionais (ano de conclusão do Ensino Médio, conclusão do Ensino Médio, tipo de escola e treineiro) e socioeconômicas (acesso a internet, computador em casa, escolaridade pai, escolaridade mãe, ocupação pai, ocupação mãe e renda). O modelo apresentou-se significativo e identificou uma relação sempre positiva entre o rendimento dos candidatos no exame, a renda, a escolaridade da mãe e cursar o Ensino Médio em escola da rede privada. Por outro lado, foi identificada relação negativa entre o rendimento do candidato e características como idade e raça/cor preta. Além do trabalho inferencial, em que se identificou a participação das variáveis no rendimento dos candidatos, a análise descritiva identificou, além de outras informações, que os candidatos da região sudeste tiveram o melhor rendimento no Enem 2018, no extremo oposto estão os candidatos da região Norte. Tais resultados apontam para a importância da manutenção/ampliação de políticas afirmativas que visam reduzir o impacto das desigualdades socioeconômicas históricas no resultado do exame. |