Resumo |
Em face da preocupação ambiental pela finitude dos sistemas agrários de produção e as complexas relações humanas em prol de um comércio justo, coletivo e igualitário, alguns questionamentos surgem. Como promover uma agricultura sustentável? Qual a melhor forma de estruturar o sistema de vendas? Como se organizar juridicamente a fim de favorecer a geração de renda, segurança alimentar e autonomia? Perante tais problemáticas, o presente projeto disserta sobre a estruturação inicial da Associação Florestalense de Agroecologia (Aflora), na qual foi utilizada a pesquisa-ação para acompanhar e intervir no processo, ocorrido de março 2019 a novembro 2020. A Aflora está situada em Florestal/MG e é composta por cerca de quarenta famílias de agricultores agroecológicos, sendo cinquenta e um membros que colaboram eventualmente e trinta e seis associados cadastrados que comercializam. O objetivo da pesquisa foi contribuir para a autonomia do grupo ao apoiar a construção coletiva de sua identidade organizacional. Para isso, foram realizadas treze entrevistas em audiovisual com os associados e oito mediações nas reuniões articuladas quinzenalmente por eles, como também a relatoria das reuniões e os diários de campo das visitas às propriedades. A partir disso foi possível se aproximar do grupo e intervir nos seus processos de decisão ligados aos eixos de produção, comercialização e comunicação. Após as intervenções, observaram-se o amadurecimento do coletivo e a incorporação por parte do grupo de metodologias de mediação apresentadas pela equipe de pesquisa. Por intermédio da análise dos materiais coletados, foi possível identificar o que é central, distintivo e duradouro na organização, assim como sua missão, visão e valores, aspectos necessários para a construção coletiva da identidade organizacional. Os resultados foram obtidos em constante avaliação das ações à luz dos interesses do grupo, através de perguntas nas entrevistas, ao final das reuniões e junto ao diálogo constante com duas associadas à Aflora que atuam em importantes eixos, como a comercialização e a comunicação. No campo prático, esta pesquisa contribuiu para a estruturação da Aflora, trazendo maior clareza e efetividade aos processos coletivos. Fomentou a disseminação da agroecologia e da Aflora, fortalecendo Florestal/MG como um polo agroecológico. No campo acadêmico, a pesquisa contribuiu para a área dos Estudos Organizacionais, que ainda carece de pesquisas ligadas às associações agroecológicas, à economia solidária e à construção coletiva da identidade organizacional. |