Resumo |
Diego Rivera (1886 – 1957), pintor e expoente do movimento muralista mexicano, realiza a obra Unidad Panamericana (1940), um mural que representa o encontro diplomático por meio da arte entre Estados Unidos e México. Apresentada de maneira alegórica, conta sobre a historicidade de diferentes valores, modos de organização do continente americano, que nos leva a refletir sobre sentidos mais elaborados das relações e constituições do ser latino-americano. Desta maneira, com base neste mural, discute-se a relação como a relação e dinâmica entre os povos americanos colocam em uma constante condição de hibridismo do ser, que se coloca entre o tradicional que rompe a ordem e o projeto de modernização que preenche de significados a vida contemporânea. Para a metodologia do trabalho foi identificado e analisado as simbologias utilizadas no mural juntamente com as reflexões de dois autores latino-americanos, Enrique Dussel e Néstor Canclini. Portanto, discute-se sobre a formação de um horizonte ontológico, onde se tomam como referência estruturas materiais, subjetividades, maneiras de se organizar no espaço e no tempo. No mural, o projeto moderno é apresentado por adesão à técnica industrial e científica, arquitetura, urbanismo, esportes, cinema, que se atrelam aos valores modernos. Já o outro, uma visão do trabalho artístico orgânico, que interage com dimensões minerais da terra; das quais se produz tecnologias, formas de organização no espaço ligadas à sua espiritualidade e religiosidade. A criatividade de intervir no espaço e tempo é vista no mural como um todo, dialogando entre o divino e o terreno. Desta maneira, com as alegorias postas no mural, apresentamos a noção de fronteira como horizonte ontológico do latino-americano, onde os processos de hibridização aceleram absorções, transformam ou excluem estruturas materiais, subjetividades que pertencem a esta dinâmica dual entre o moderno e o que vai rompê-lo. Em suma, o que se organiza a partir desse encontro da fronteira gera novas formações e possibilidades, de tal forma, que pensar sobre as ações híbridas que estão sempre sendo colocadas, coloca-se a condição de ser fronteiriço. |