Resumo |
O Brasil é um importante exportador mundial de carnes bovina e suína. Tal posição é possível devido a um controle de qualidade rigoroso em toda cadeia produtiva, afim de evitar possíveis contaminações cruzadas por patógenos bacterianos durante a manufatura. Entre os principais agentes, podemos destacar a Escherichia coli, um organismo conhecido por sua versatilidade, distribuída mundialmente e que faz parte da microbiota intestinal de humanos e animais. Além das características tradicionais, uma pequena parcela desse gênero é patogênica e responsável por diversos surtos alimentares. Recentemente, preocupações como a resistência a antibióticos tornou-se uma característica preocupante a este grupo bacteriano, sendo necessário maiores investigações para entender a disseminação dessa resistência. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar fenotipicamente a resistência de seis antibióticos utilizados na cadeia de produção de carnes. No total, 286 isolados de E. coli pertencentes à coleção do Laboratório de Inspeção de produtos de origem animal – INSPOA, foram utilizados no experimento. Os isolados foram divididos em três grupos, sendo 50 isolados de origem bovina, 191 isolados de origem suína e 45 isolados de ambiente de frigorífico. Cada isolado foi ressuspendido em caldo de infusão de cérebro-coração, incubados a 37°C por 18-24 horas, estriados em ágar MacConkey e incubados a 37°C por 18-24 horas. As colônias contaminadas passaram por novo isolamento em MacConkey e testes bioquímicos EPM, MiLi e Citrato. Os isolados puros foram submetidos a análise do perfil de resistência fenotípica por meio da técnica de Breakpoint, testando os antibióticos Amoxicilina - 32 µg.mL-1, Ceftiofur - 8 µg.mL-1, Ciprofloxacina - 1 µg.mL-1, Cloranfenicol - 32 µg.mL-1, Sulfametoxazol - 76µg.mL-1/4 µg.mL-1, Tetraciclina - 16 µg.mL-1. Os resultados obtidos oriundos da espécie bovina e suína foram similares, destacando os princípios ativos tetraciclina, amoxicilina e cloranfenicol como os mais frequentes. Nos isolados ambientais os antibióticos mais frequentes foram amoxicilina, tetraciclina e cloranfenicol. Outro fator importante encontrado nos resultados foi a presença de isolados Multidroga Resistente – MDR, totalizando 54% das bactérias investigadas. Os isolados de origem suína foram os que apresentaram maior frequência de MDR (62,30%) quando comparado com isolados bovinos (38%) e ambientais (37,78%). Desta forma, os resultados reforçam que os bovinos e suínos carreiam cepas de E. coli resistentes a diversos antibióticos como os MDR, contribuindo assim para a disseminação de genes de resistência. O elevado número de isolados resistentes afirma a necessidade de medidas para controlar este problema. |