Resumo |
INTRODUÇÃO: O conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento do serviço de saúde com a gestão da saúde e da segurança é o que define cultura de segurança do paciente (CSP), sendo vital para a implementação de práticas seguras e diminuição de Eventos Adversos (EA). No Brasil, em 2017, 94,5% dos EA ocorreram em serviços hospitalares, sendo as Unidades de Terapia Intensivas (UTI) responsáveis por 29% dos incidentes. Portanto, promover a CSP entre a equipe de enfermagem mostra-se fundamental, pois essa classe é a maior força de trabalho na saúde e lida diretamente com processos diversos do cuidado, os quais podem influenciar na segurança da assistência à saúde. OBJETIVOS: Analisar a cultura de segurança do paciente sob a ótica da equipe de enfermagem de uma UTI de um hospital de ensino. METODOLOGIA: Estudo quantitativo do tipo observacional transversal feito com 16 profissionais de enfermagem de uma UTI. A coleta de dados foi realizada no período de setembro a novembro de 2020 através da aplicação do questionário Hospital Survey on Patient Safety Culture da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) dos Estados Unidos da América. Para análise e interpretação dos resultados foi seguido as recomendações da AHRQ, que considera “áreas fortes da segurança do paciente” as assertivas cujo escore foram superiores a 75% e “áreas frágeis da segurança do paciente” aquelas com escores inferiores a 50%. RESULTADOS: Segundo os resultados obtidos, a UTI não apresenta percentual positivo para a cultura de segurança, a média geral foi de 50,1% de respostas positivas, categorizando a cultura de segurança do paciente como frágil, sendo que as dimensões “Trabalho em equipe dentro da unidade” (76,8%), “Aprendizado organizacional/melhoria contínua” (64,8%) apresentam resultados mais positivos e com potencial de melhoria. Ressalta-se também que a maioria dos profissionais (93,75%) não realizaram nenhuma notificação de EA nos últimos 12 meses e que o enfermeiro foi o único profissional a realizar as notificações, o que vai ao encontro da literatura, no qual é atribuído ao enfermeiro essa responsabilidade. CONCLUSÕES: Os achados indicam que a CSP ainda não está estabelecida no campo pesquisado, pois a maioria das dimensões foram consideradas “áreas frágeis”. A investigação aponta que o desenvolvimento da educação permanente, direcionada para o crescimento e fortalecimento da CSP, se faz necessária e possibilitará ações que acarretem em mudanças reais. Por fim, os resultados encontrados podem auxiliar os gestores da unidade na identificação lacunas na segurança do paciente e assim subsidiar estratégias eficazes na melhoria da qualidade e segurança dos cuidados em saúde. |