Resumo |
A obesidade é uma doença crônica de etiologia multifatorial que vem apresentando aumento de sua prevalência em diversas regiões do mundo. O consumo de dietas hiperlipídicas, aumentam a ingestão calórica e por consequência podem levar ao acúmulo de triglicerídeos nas células hepáticas causando esteatose. Com isso, há migração e ativação de células inflamatórias como os macrófagos, as quais produzem mediadores inflamatórios. O aumento desses mediadores está relacionado ao aumento da resistência insulínica, diabetes mellitus tipo 2 e alguns canceres. O milho roxo (Zea Mays L.) é um cereal que apresenta propriedades benéficas a saúde devido ao seu elevado conteúdo de compostos fenólicos e antocianinas. Assim, o objetivo do estudo foi investigar o efeito da farinha de milho roxo nas alterações do tecido hepático de camundongos alimentados com dieta hiperlipídica. O estudo foi conduzido com 30 camundongos machos C57BL/6 os quais foram distribuídos em 3 grupos experimentais: controle normal (NC: n=10) alimentado com dieta padrão AIN-93M; high fat (HF: n=10), alimentado com dieta hiperlipídica; high fat corn (HFC n=10) alimentado com dieta hiperlipídica + farinha de milho roxo (para fornecer 50% da recomendação de fibras para roedores), por 8 semanas. Os animais foram eutanasiados para coleta do tecido hepático. Fragmentos do tecido hepático foram fixados em formaldeído 10%, para realização de análises histológicas. O restante do tecido foi congelado a -80°C, para posterior análise de expressão gênica, por meio da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-qPCR) das proteínas SREBP1 (Sterol regulatory element-binding protein-1c), ACC-1 (Acetyl Coa carboxilase 1) e AdipoR2 (Adiponectin receptor 2). Os dados foram analisados por meio da one-way ANOVA seguido pelo teste “post hoc” de Newman-Keuls (α=0,05). Na avaliação histológica do fígado verificou-se que as dietas HF e HFC promoveram esteatose de grau 1, enquanto o NC não gerou esse dano. Na análise de expressão gênica hepática a dieta HF elevou os níveis de SREBP1, e a ingestão do milho roxo foi eficaz em reduzir esses níveis (p<0,05). A dieta HF aumentou a expressão gênica de ACC-1, e o consumo de milho roxo reduziu a expressão desse gene (p<0,05). Em relação a AdipoR2, a dieta HF reduziu seus níveis quando comparada ao grupo CN (p<0,05), e a dieta HFC não foi capaz de reverter essa alteração. Assim, a dieta HF mostrou-se eficiente em causar alterações morfológicas e moleculares no tecido hepático. O consumo do milho roxo como fonte de antocianinas foi eficaz para induzir a expressão genica de proteínas envolvidas com a oxidação de ácidos graxos, atenuando alterações desenvolvidas pela dieta rica em gordura. |