Resumo |
Considerando os materiais disponíveis para a produção de celulose, a madeira é a matéria-prima mais utilizada. No entanto, devido à disponibilidade, alguns resíduos agrícolas e industriais aparecem como insumos interessantes e promissores para a produção de celulose. A indústria cafeeira, por exemplo, gera grandes volumes de resíduos, chegando a 32 milhões de toneladas por ano no Brasil. Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o pergaminho do cafeeiro, resíduo da indústria cafeeira, tanto quanto à sua composição química, quanto ao seu potencial para a produção de celulose kraft. O pergaminho foi caracterizado quanto ao teor de carboidratos, lignina, extrativos e minerais. O material foi submetido ao processo de polpação kraft visando número kappa 25±1 com as seguintes condições: relação licor/biomassa de 5/1, 32% de sulfidez, 60 min até atingir a temperatura máxima de 168 °C, na qual foi mantido por 80 min. A dosagem de álcali foi variável, para atingir o número kappa alvo e uma faixa fixa de álcali residual eficaz (6-8 g L-1 como NaOH). Os principais resultados deste estudo foram: Glicose, xilose e lignina como os principais constituintes do material, com teores de 38,5%, 21,6% e 27,1%, respectivamente; no que se refere a relação lignina siringil/guaiacil, o valor observado foi de 0,77, muito inferior ao usual para algumas matérias-primas utilizadas no processo de polpação, como a madeira de eucalipto, por exemplo; o teor de extrativos foi de 4,5%, bastante semelhante ao encontrado para as espécies de eucalipto utilizadas para a produção de celulose; e o rendimento da polpação foi de 42,6%. Pelas características químicas da biomassa, o desempenho da polpação foi semelhante ao obtido com a madeira de Pinus, onde o teor de lignina é basicamente guaiacil, sendo uma matéria-prima mais difícil de deslignificar quando comparada às espécies de folhosas. Como a matéria-prima utilizada é um resíduo, pode-se concluir que o pergaminho tem um bom potencial para a produção de celulose. O material obtido será utilizado para produção de nanofibras e para encapsulamento de inseticida e fungicida, de liberação controlada, para o controle de pragas e doenças do cafeeiro (Embrapa Café, CNPq, Capes, Fapemig). |