Resumo |
Considerando a realidade da exploração da camada pré-sal no Brasil, o tratamento de efluentes salinos se torna importante para fomentar a sustentabilidade do processo, em especial no tratamento do efluente gerado na extração do petróleo. O carbono, quantificado indiretamente por meio da Demanda Química de Oxigênio (DQO), é um dos componentes monitorados nesse efluente, pois seu valor no momento do descarte deve atender o disposto nas normas vigentes (CONAMA 430/11). O tratamento biológico é frequentemente empregado para remoção de DQO, com excelentes resultados. Entretanto, o aumento da salinidade ocasionada pela extração no pré-sal inibe os processos biológicos necessários para remoção de poluentes, por ser um choque à microbiota que o realiza. Dessa forma, uma estratégia a ser testada seria a adaptação desses organismos à condições hipersalinas, para viabilizar o tratamento do efluente gerado nessa nova forma de exploração. O presente trabalho objetivou adaptar a microbiota aos reatores de bancada à condição de salinidade (até 100 g NaCl.L-1), monitorando a remoção de DQO e a produção de sólidos no reator. Para tal, dividiu-se o experimento em duas etapas. Na primeira, foram montados dois reatores em batelada sequencial, e o objetivo foi atingir remoção de DQO satisfatória (acima de 60%) nas condições usuais. Na segunda etapa, foram adicionados semanalmente, 5 g.L-1 de NaCl no efluente de alimentação, ao longo de 9 semanas. O efluente e o lodo usado no inóculo foram provenientes de uma plataforma de extração de petróleo localizada na costa brasileira e possuíam salinidade inicial de 55 g NaCl.L-1. Em ambas etapas foi realizado o monitoramento diário de pH, condutividade, e temperatura e o monitoramento semanal de sólidos suspensos, sólidos suspensos voláteis e DQO. Os reatores atingiram remoção de DQO acima de 60% na primeira etapa, com produção de biomassa constante. Esse cenário não se manteve na segunda etapa, havendo um declínio na performance dos reatores à medida que se adicionou o sal. Observou-se um aumento no valor de sólidos suspensos totais, mas a produção de sólidos suspensos voláteis se mostrou relativamente constante. A eficiência de remoção de DQO, ao final do experimento, foi próxima a 40%, o que sugere a necessidade de mudanças operacionais ou tratamento complementar. A estratégia da adaptação gradual do sal foi insuficiente para atingir a eficiência de remoção de DQO desejada, mas evitou o colapso dos biorreatores. |