Resumo |
Há muito, a complexa relação sociedade-natureza é objeto de interesse em estudos da humanidade. Sobretudo no que se refere ao entendimento das dinâmicas presentes no espaço geográfico. Nos processos de uso e ocupação desse espaço, os produtos resultantes dessa dialética acabam por gerar alterações nos componentes da paisagem como, por exemplo: a construção de represas, rodovias, edificações urbanas e mineração. Os objetos presentes na superfície da Terra possuem diferenciações quando se trata da interceptação, acumulação e refletância da energia advinda da radiação eletromagnética emitida pelo Sol. Enquanto a neve, com seu coeficiente de reflexão (albedo) próximo dos 100%, possui pouca capacidade de armazenamento de energia, por outro lado a acumulação de calor, em edificações, estradas, dentre outras, se comportam de maneira oposta. Nesse sentido, pode-se dizer que mudanças na estrutura da paisagem podem desencadear alterações em diferentes escalas. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar, por meio do sensor termal do Landsat-8, se houve alteração da temperatura na área de mineração localizada entre os municípios mineiros de Teixeiras de Pedra do Anta entre 2018 e 2020. Ambos os municípios, pertencem, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), à microrregião de Viçosa (MG) e à mesorregião da Zona da Mata mineira. De acordo com Silva et al. (2021) a mineração nesses municípios começou em meados de 2018 e continuam em pleno funcionamento. Os dados brutos para essa pesquisa foram adquiridos junto ao Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e processadas no software ArcGis®. A estimativa da temperatura dos objetos foi possível a partir da utilização da Banda10 (banda termal) do Landsat-8 com a qual foi feita a geração do índice Land Surface Temperature (LST). Além desse, utilizando as Bandas 4 (Red) e 5 (Infrared), também, foi gerado o Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), que teve como objetivo averiguar uma possível correlação entre os índices. O NDVI registrou reduções dos valores do vigor da vegetação, tanto do local (que já era esperado diante as características desta atividade) quanto do entorno. O LST, por sua vez, não apresentou aumento da temperatura do local e seu entorno após o início da mineração. Desse modo, os resultados obtidos não permitiram inferir o nível de interferência da atividade de mineração no microclima local. Ademais, também, não foi possível estabelecer uma correlação direta entre o LST e o NDVI. Contudo, vale destacar que esses são resultados ainda preliminares e os valores registrados podem não representar a real situação do local, principalmente, numa escala que detalhe os microclimas. Diante disso, salienta-se que maiores investimentos financeiros e de tempo serão fundamentais para se obter informações em escalas mais apropriadas. Isso se faz necessário devido às diferenças de resolução espacial entre os dados da Banda 10 (100m) e as demais utilizadas (30m). |