Resumo |
A Constituição Federal de 1988 determina a saúde como um direito de toda a população e um compromisso do Estado. Nesse contexto, surge o Sistema Único de Saúde (SUS) com a oferta de serviços de saúde baseados na integralidade, universalidade e de acesso gratuito, a fim de atender as necessidades de saúde da sociedade. As necessidades em saúde não se limitam apenas às demandas biológicas, mas expressam também carências e vulnerabilidades que refletem estilos de vida e identidades, estando estas articuladas às demandas sociais que envolvem dimensões culturais, ecológicas, econômicas e políticas. A alocação desigual e inadequada de recursos, sem considerar as necessidades de saúde dos grupos sociais que constituem um determinado território, é um problema generalizado em muitos sistemas de saúde e que necessita de atenção. O desenvolvimento de projetos efetivos de captação de recursos pode surgir como estratégias para a ampliação de receitas no âmbito local, de forma que esta captação de recursos assegure o funcionamento do SUS e, principalmente, garanta o atendimento das demandas e necessidades dos habitantes. O objetivo do presente trabalho foi verificar se os projetos de captação de recursos de municípios do estado de Minas Gerais, estão alinhados às necessidades de saúde da população. Assim, foram exploradas as propostas aprovadas e concedidas pelo Ministério da Saúde inseridas na Plataforma Mais Brasil. Através do software IRAMUTEQ foi realizada a Análise de Similitude para a verificação dos dados. Os resultados apontaram que os projetos objetivam captar recursos, sobretudo para a compra de equipamentos voltados, prioritariamente, para o atendimento hospitalar e não para a atenção primária. Diante da importância da atenção primária e a disparidade de valores, é necessária a elaboração e gestão adequada de projetos de captação de recursos no âmbito do SUS, objetivando em primeiro lugar o atendimento das necessidades de saúde da população e não somente às demandas das instituições intermediárias ou de alta complexidade, como os hospitais. |