Resumo |
A escola é um espaço dotado de significados, constituindo parte essencial do processo de formação humana e intelectual dos indivíduos. Logo, o ensino médio deve ser vivido intensamente, de forma a possibilitar o desenvolvimento da curiosidade, capacidades acadêmicas e o autoconhecimento dos adolescentes. Entretanto, em março de 2020, a pandemia de COVID-19 e a consequente necessidade de isolamento social projetaram-se como um impasse para a concretização dessas experiências, uma vez que as aulas presenciais foram substituídas pelo ensino remoto emergencial. Nesse contexto, o processo de ensino-aprendizagem sofreu intensas transformações, afetando, inclusive, as emoções e a relação dos alunos com a escola. Sendo assim, o presente trabalho propõe uma análise desse fenômeno a partir de um recorte da realidade dos alunos do triênio 2019-2021, do Colégio de Aplicação da Universidade de Viçosa. O objetivo da pesquisa é compreender, sob uma perspectiva emocional da geografia, como se configura a escola remota, a ressignificação em seus símbolos e experiências, bem como as implicações dessas mudanças na rotina de estudos e nos sentimentos dos estudantes. Para isso, utilizou-se a metodologia de grupo focal, que consiste numa técnica de coleta de dados qualitativa, na qual a interação entre um determinado grupo de pessoas é capaz de promover uma ampla problematização sobre um determinado tema. Nesse caso, foram realizados quatro grupos focais, um por turma, cada um contando com a participação de seis estudantes do triênio 19-21 do COLUNI. É importante ressaltar que esses alunos tiveram cerca de um ano e dois meses de aula presencial, de forma que ainda guardam inúmeras memórias da escola presencial e encontraram, no ensino remoto, uma realidade completamente diferente da que estavam habituados. A análise dos resultados mostrou um olhar muito carinhoso dos alunos em relação à escola presencial, sobretudo em função da estreita relação com os colegas e professores, além da liberdade para aprender sobre assuntos que iam além da sala de aula. Assim, a não-presença desse espaço de vivência significou, também, a não-presença afetiva das emoções que eram travadas no colégio, o que tornou a dinâmica de estudos solitária e menos interessante. Dessa forma, conclui-se que o processo de ensino-aprendizagem vai além do conhecimento adquirido pelo contato com as disciplinas curriculares e suas rotinas de aulas, leituras e avaliações; ele depende, ainda, dos sentimentos. Por tudo isso, reafirma-se que uma escola de excelência e referência na educação é, além de uma estrutura física, uma experiência memorável, na qual os afetos, símbolos e significados possibilitam que tal espaço seja reconhecido pelos alunos como um lugar do qual vale a pena fazer parte. |