Resumo |
A utilização da metodologia BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção) tem se tornado cada vez mais difundida no Brasil, passando a ser utilizada de forma obrigatória em obras públicas de infraestrutura desde janeiro de 2021. Há diversas opções de softwares disponíveis para a modelagem de uma construção em BIM, possibilitando assim que cada empresa possa adotar o de preferência, seja pelo custo das licenças ou pelas funções oferecidas pela fabricante. Dentre as vantagens do BIM, destaca-se o padrão universal para troca de informações entre os programas. O formato de arquivo .IFC possibilita a interoperabilidade entre diversas plataformas, evitando os erros de projeto devido a falta de alguns objetos ou erros de sobreposição de elementos. Interoperabilidade é, portanto, assunto importante na área de engenharia civil, uma vez que é raro encontrar um único programa que realize a modelagem multidisciplinar e os devidos dimensionamentos de acordo com as normas brasileiras. Este trabalho de pesquisa testou a eficácia da interoperabilidade entre softwares de diferentes fabricantes. A partir de um projeto arquitetônico modelado no Revit (Autodesk, v.2021), exportou-se (via formato .IFC4) o modelo para o CypeCAD (Multiplus), visando a modelagem do lançamento correspondente e o dimensionamento estrutural. O modelo estrutural foi, então, integrado ao arquitetônico. Da mesma forma, ambos foram exportados pelo formato universal para o CypeMEP (Multiplus), onde realizou-se o projeto elétrico e o hidrosanitário. Estes também foram integrados ao modelo arquitetônico original. Avaliou-se a perda de dados entre cada exportação de arquivos. Observou-se a ausência de alguns elementos, incialmente no estrutural (Cype para Revit). Porém, ao importar o modelo arquitetônico para a realização do projeto elétrico (Revit para Cype), a interação foi ainda mais falha, com a ausência de diversos elementos, sendo necessário refazer a modelagem arquitetônica no programa CypeMEP. O cenário mais crítico surgiu quando a interação entre o projeto elétrico e o hidrosanitário falhou (entre o mesmo software), sendo necessário realizar nova modelagem arquitetônica. Como resultado, foi produzido um modelo BIM federado com as propostas arquitetônicas, estruturais e de instalações, convivendo no mesmo espaço digital, possibilitando a compatibilização de projetos. Conclui-se que, apesar da constatação de que a interoperabilidade em ambiente BIM ainda tem um longo caminho a percorrer, a experiência desse trabalho demonstrou que BIM traz vantagens significativas na fase de projetação das construções. |