Resumo |
Introdução: No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o surto de doença por coronavírus (COVID-19) como uma pandemia. Desde então, os países têm adotado estratégias de distanciamento a fim de mitigar essa pandemia e evitar a sobrecarga do sistema de saúde. Por outro lado, as estratégias de distanciamento social têm potenciais efeitos negativos na saúde de quem está isolado. A presença de sofrimento mental deve ser observada com especial atenção em universitários, visto que esse grupo possui maior prevalência de transtornos mentais do que a população em geral. Objetivos: Identificar a presença de sintomas de ansiedade, depressão e estresse entre estudantes de graduação de uma universidade de Minas Gerais no período da pandemia. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal descritivo, em que os dados foram coletados por meio de levantamento/survey entre os dias de 6 novembro de 2020 e 10 de dezembro de 2020, pela plataforma Google forms. Todos os estudantes de uma universidade de Minas Gerais, maiores de 18 anos, foram convidados a responder a pesquisa por meio de mídias sociais e email. A participação foi voluntária e foi fornecido um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). O questionário era composto por inquérito sociodemográfico básico, avaliação do distanciamento social e avaliação de sintomas de estresse, ansiedade e depressão pelo instrumento Depression Anxiety Scale (DASS-21) na versão traduzida e validada para o português do Brasil. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da universidade participante do estudo. Resultados: Foram obtidas 528 respostas ao questionário, porém, para correta interpretação do DASS-21, só foram consideradas as respostas dos alunos que o preencheram integralmente. Por isso, a amostra válida de estudantes foi de 448 alunos. Sendo assim, 292 (65,18%) apresentaram uma ou mais alterações graves ou muito graves no resultado do DASS-21 e 62 (13,84%) não apresentaram alterações em nenhuma categoria. Ao considerar sintomas depressivos 32,81% relataram alterações muito graves e 15,40%,graves. Nos sintomas ansiosos, 38,39% relataram alterações muito graves e 8,48% graves. Sintomas muito graves de estresse foram relatados por 20,98% e os graves 22,99%. Ademais, os resultados mostraram que as variáveis sexo, idade, renda familiar, pertencimento a grupo de risco para COVID-19 e número de pessoas com quem o aluno reside possuem associação com o resultado do DASS-21 (p<0,05). Conclusão: Os resultados da pesquisa corroboram com a hipótese de que estudantes de graduação da universidade pesquisada possuem alta prevalência de sintomas de transtornos mentais comuns durante o período da pandemia. Dessa forma, é necessário qualificar a abordagem dessas condições, a fim de desenvolver ações preventivas para mitigar o adoecimento mental, além de oferecer suporte psicossocial para os estudantes que já estão em sofrimento mental. |