Resumo |
A microcirurgia se tornou uma área em ascensão na Medicina Veterinária nos últimos anos. Essa área compreende procedimentos aplicados na manipulação de pequenas estruturas com auxílio de magnificação óptica, implicando em uma longa curva de aprendizado. Apresenta uma ampla aplicabilidade, desde cirurgias reconstrutivas e oftálmicas até transplante de órgãos. Na medicina, para o treinamento em microcirurgia, comumente é utilizado modelo animal, entretanto, o entrave ético acerca dessa prática é um o fator limitante, tendo em vista a constante busca da aplicação dos princípios dos 3Rs (redução, refinamento e substituição) na pesquisa e no ensino, acarretando a procura de modelos alternativos. Considerando a crescente demanda por profissionais capacitados, o presente projeto de ensino tem como público alvo alunos de graduação e pós-graduação em Medicina Veterinária, desse modo se torna necessário a adaptação de um modelo alternativo para o treinamento inicial, no intuito de reduzir o uso de modelo animal. Assim, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo específico de apresentar um modelo adaptado, reprodutível, portátil, com materiais inertes, de baixo custo e longa duração, para o ensino em microcirurgia. O valor total para a construção deste modelo foi de R$43,65, sendo utilizados uma tábua de madeira, parafusos, balões de látex, fita dupla face, clorexidina 2% e fios de sutura mononáilon 6-0. Em um mesmo modelo foram construídas duas formas de fixação para os balões na tábua, uma com ancoragem em parafusos e outra utilizando fita dupla face. Nos balões fixados com a fita foi realizado o preenchimento interno com clorexidina 2%, em uma tentativa de avaliar a perviedade do fluido e a patência da sutura. As anastomoses foram executadas por um dos autores nos padrões término-lateral, latero-lateral e término-terminal, por meio de suturas simples contínua ou interrompida, utilizando instrumental cirúrgico apropriado e lupa binocular ou microscópio cirúrgico. Este modelo permitiu a realização de diferentes padrões de anastomoses vasculares em um mesmo local, assim como demonstrou ser possível reutilizar a extensão do balão para executar mais anastomoses. Ainda, observou-se uma boa perviedade do líquido, com discreto extravasamento entre os pontos ou pelo próprio orifício gerado com a passagem da agulha pelo balão, entretanto, supõem-se que será reduzido com a utilização de fios de sutura 8-0, 9-0 ou 10-0. Contudo, acredita-se que haja essa limitação em consequência da ausência do processo de coagulação, o que poderia impedir a determinação objetiva do intervalo ideal entre as suturas. Nesse sentido, conclui-se que, este modelo demonstrou ser uma alternativa promissora para o treinamento em microcirurgia, reduzindo o uso do modelo animal nos estágios iniciais, sem comprometer a qualidade do ensino. Assim, espera-se que quando o aluno avance para a fase de aperfeiçoamento, já possua certa destreza, agilidade e familiarização com as técnicas. |