Resumo |
O reconhecimento da importância das Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC), aqui denominadas como “Plantas da Ancestralidade” ou “Matos de Comer”, pode contribuir com a segurança e soberania alimentar, conservação da agrobiodiversidade e com a preservação da cultura. Há séculos essas plantas são utilizadas na alimentação humana, entretanto, devido ao modelo convencional de agricultura e aos impérios agroalimentares, o consumo destas plantas tem diminuído e a sociedade tem perdido conhecimentos importantes sobre elas. Por isto, objetivou-se estimular o reconhecimento, o cultivo, os usos alimentares e a troca de conhecimentos sobre essas plantas. Para isso, criou-se um perfil nas redes sociais, onde realizou-se publicações regulares através do @matos.ancestrais.de.comer; 39 publicações foram produzidas, sendo 3 vídeos depoimentos de agricultoras e pesquisadoras da Zona da Mata mineira e 36 publicações sobre as PANC. Buscou-se sempre associar o conhecimento científico e os saberes populares, a partir de informações com o nome científico, local de ocorrência, a parte da planta a ser consumida, os diferentes usos (medicinal, alimentícia, etc.), a importância do uso das mesmas, os cuidados que devem ser tomados no cultivo e uso das espécies, respeitando suas particularidades, a exemplo do local onde devem ser plantadas. Respeitando as regras de segurança impostas pela pandemia, interagiu-se com os vizinhos(as) para reconhecer as “Plantas da Ancestralidade” em seus quintais e dialogou-se sobre as características, propriedades e usos da planta. Algumas plantas foram fotografadas para divulgação nas mídias sociais e outras fotos foram disponibilizadas pelos próprios agricultores (as). Como resultado, 364 pessoas interagiram de alguma forma com o perfil @matos.ancestrais.de.comer. Com a participação dos agricultores (as) da região da Zona da Mata, a cartilha “Matos de Comer: Saúde, Sabor e Afeto” foi publicada no formato de e-book. Neste e-book, 32 receitas com diversas PANC foram identificadas, publicadas e disponibilizadas para agricultores (as), pesquisadores (as), professores (as) e estudantes. Além disso, via articulação pelo WhatsApp, mudas e sementes de algumas espécies, como a bertalha (Basella alba L.), o cará-do-ar (Dioscorea bulbifera L.), a vinagreira-roxa (Hibiscus acetosella Welw. Ex Hiern), o mangarito (Xanthosoma riedelianum (Schott)), a chaya (Cnidoscolus aconitifolius (Mill)), entre outras, foram enviadas para dois agricultores, com intuito de aumentar a diversidade em seus quintais e o consumo regular das “Plantas da Ancestralidade”. Essas ações contribuíram para dar mais visibilidade ao uso dessas plantas, ampliar o cultivo, incentivar o consumo regular, proporcionar reflexões e compreensão da importância das mesmas. |