Resumo |
As discussões sobre cidades inteligentes e tecnologias da informação e comunicação (TICs) têm exercido grande influência na natureza da infraestrutura urbana. Diferentes soluções baseadas em TICs têm ganhado cada vez mais visibilidade no contexto do planejamento e gestão das cidades. Embora muito utilizado, o conceito de cidades inteligentes é ainda pouco claro, dada a sua complexidade. O presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de uma revisão sistemática da literatura científica, a fim de explorar conceitos associados às cidades inteligentes. Os artigos foram coletados por meio de métodos sistematizados de buscas nos bancos de publicações Scopus e Web of Science. Inicialmente, foram definidos termos de busca e sinônimos de acordo com a recorrência identificada na primeira fase da pesquisa. A busca avançada foi utilizada para estabelecer relações entre os termos, de modo a limitar ou ampliar a pesquisa. Adotou-se filtros referentes ao idioma (Inglês, Espanhol e Português), tipo de publicação (Artigo), área temática (Ciências Sociais Aplicadas e Tecnológicas) e ano de publicação (2017-2021). A amostra passou, então, por procedimento de seleção conforme as etapas: i) leitura dos títulos, ii) leitura dos resumos, iii) processamento e iv) leitura integral. Foi realizada, por fim, avaliação descritiva dos 124 artigos selecionados, tendo como base: ano de publicação, número de citações e país de origem do autor para correspondência. Os artigos foram agrupados em seis categorias: 1) Plataformas/Mídias Sociais; 2) Realidade Social; 3) Estudos de Caso; 4) Resultados de Gestão; 5) Metodologias; 6) Teórico/Conceitual; e 7) Comportamento do Usuário. A partir da análise do grupo 6, pode-se observar três focos principais sobre o que torna uma cidade inteligente. O primeiro refere-se à crescente explosão de espaços urbanos compostos por instrumentos digitais, os quais monitoram, gerenciam e regulam diversos processos. Tais instrumentos estão localizados na própria cidade (p.ex., sensores, câmeras etc.) ou pertencem aos seus usuários (p.ex., smartphones, GPS etc.). O segundo foco entende que uma cidade inteligente é aquela cuja economia é impulsionada pela inovação. Ou seja, o que torna a cidade inteligente é a forma como as TICs são empregadas, em conjunto com o capital humano e social. Já o terceiro foco recai sobre a governança, vinculada a uma boa gestão dos recursos e participação da sociedade. Nesse sentido, as TICs são importantes aliadas à governança pública, tornando-a mais efetiva por sua capacidade de resposta, integridade, confiabilidade, melhoria regulatória, prestação de contas, responsabilidade e transparência. Diante do exposto, pode-se concluir que, nos três enfoques, as TICs devem ser entendidas como plataformas para mobilizar e realizar ideias e inovações, seja no âmbito da cidade como organização, do usuário e dos responsáveis pelo gerenciamento e desenvolvimento de políticas visando o bem-estar do cidadão. |