Resumo |
As políticas patrimoniais emergiram como um fator de extrema relevância na construção da nação brasileira, reiterando a memória nacional oficial e a história dos grandes feitos. Se por um lado as políticas patrimoniais podem promover ações difusoras de um passado hegemônico que envolve positivamente a população branca, por outro a valorização da história da população negra foi historicamente ocultada ou associada apenas à escravidão. Essa tendência é reflexo do processo histórico que contribuiu para racialização das relações sociais, que repercute de variadas formas constituindo desigualdades e demarcando fronteiras, o legado do colonialismo em que as relações desiguais de poder e exploração entre as sociedades colonizadoras e as colonizadas, se reencenam nas relações de poder discriminatórias desenvolvidas no seio das sociedades pós-coloniais, em que a história e os espaços de pertencimento dos sujeitos negros nesse contexto, foram influenciados negativamente pela visão eurocêntrica de mundo, no qual prevê a superioridade dos sujeitos brancos. Com base nos textos lidos até então em relação à política patrimonial de Belo Horizonte, tem-se como hipótese e que será testada no decorrer da pesquisa, que os sujeitos brancos são favorecidos em detrimento dos sujeitos negros. Nesse sentido, objetivo dessa pesquisa é compreender a política de proteção do patrimônio em belo horizonte implementada pelo conselho deliberativo do patrimônio cultural do município, entre as décadas de 70 e 90, levando em consideração as relações raciais, com foco no lugar social ocupado pelos bens relacionados aos sujeitos negros. Para atender os objetivos deste trabalho, foi escolhida análise dos documentos e realização de entrevistas. Nesse movimento pretendo realizar analise comparativa entre o dossiê de tombamento do Conselho Deliberativo/Câmara Municipal de Belo Horizonte (1975) e do tombamento do Terreiro Ilê Wopo Olojukan: Deus mais do que tudo (1995). Os dossiês sustentam o recorte temporal dessa pesquisa, e aponta as principais mudanças no cenário político, dos direitos, como também na política de proteção do patrimônio no âmbito federal, refletindo profundamente as ações preservacionistas em Belo Horizonte. |