Resumo |
Introdução: a Doença Renal Crônica (DRC) está constantemente associada a um alto risco de desenvolvimento de doença cardiovascular, e é uma das condições de comorbidade da Hipertensão Arterial (HA) e do Diabetes Mellitus (DM) que são fatores de risco para a queda da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Associado a progressão da DRC, tem-se a obesidade, também considerado um problema de saúde pública global. Nesse contexto, o Índice de Massa Corporal (IMC) vem sendo utilizado como indicador primário para o excesso de tecido adiposo, porém é limitado para diferenciar este tecido da massa corporal magra. A Circunferência da Cintura (CC) por sua vez, tem sido demonstrada como melhor preditor para DRC, reforçando assim a importância na análise dessas medidas como fatores preventivos da queda da TFG como indicador da obesidade central. Objetivo: investigar a associação entre a TFG, CC e IMC em indivíduos com HA e, ou DM. Metodologia: estudo transversal realizado com 1052 indivíduos diagnosticados com HA e, ou DM acompanhados pela Atenção Primária à Saúde (APS). Os participantes foram submetidos a entrevistas, avaliação antropométrica, clínica e bioquímica. Foi realizada análise descritiva dos dados seguida de uma regressão logística para análise da relação entre a CC, IMC e o desenvolvimento da DRC. O IMC foi classificado de acordo com os critérios da OMS (1998) para adultos e os critérios do Lipschitz (1994) para idosos. O IMC normal foi considerado como <24,9kg/m² para adultos e ≤27,0kg/m² para idosos, e o IMC aumentado foi considerado como >25,0 kg/m² para adultos e >27,0kg/m² para idosos. Os pontos de corte para CC foram ⩾90 cm para homens e ⩾80cm para mulheres de acordo com o ponto de corte da Federação Internacional de Diabetes. A fórmula CKD-EPI foi usada para definir a DRC ≥ estágio 3, equivalente a uma TFG <60 ml/min/1,73m². Resultados: o sexo feminino representa 57,9% da amostra com valores maiores na mediana do HDL (50,0 mg/dL), do IMC (28,7 kg/m²), e da Relação Cintura Estatura (RCE) (0,60 cm) e com maior percentual de fumantes 56,2% e de SM 71,4%. Em contrapartida a CC apresentou mediana maior (95,0 cm) nos homens. A idade, glicose em jejum, HDL, triglicerídeos, RCE e a SM, mostraram mediana maior no IMC normal. O sexo foi significantemente associado a CC aumentada, o que não ocorreu no IMC. A cada aumento de 1kg/m² no IMC há um aumento de 0,58 mL/min/1,73m² na TFG do homem e 1,39 mL/min/1,73m² da mulher. E a cada 1cm na CC há uma diminuição da TFG em 0,29 mL/min/1,73m² do homem e 0,73 mL/min/1,73m² da mulher. Conclusão: nota-se neste estudo que a CC é um fator mais preditivo que o IMC para identificar alterações na TFG em indivíduos com diagnóstico de HA e DM, sendo de suma importância para a APS denotar uma maior importância dessa medida antropométrica nos serviços de saúde, visando um diagnóstico mais precoce de futuras complicações advindas das alterações na TFG. |