Resumo |
Introdução: a Doença Renal Crônica (DRC) é definida como anormalidades da estrutura ou função renal, presentes por mais de três meses, com implicações para a saúde que levam a perda continuada da função renal. De entre os fatores de risco para DRC, destacam-se o Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial (HA), histórico de Doença Cardiovascular (DCV), idade avançada, obesidade, tabagismo, uso de nefrotóxicos, ou histórico de DRC na família. O fenótipo da cintura hipertrigliceridêmica (FCH), definido pelas medidas elevadas e simultâneas da circunferência da cintura (CC) e dos triglicerídeos (TG), é apontado como fator de risco para DCV e DM, e como possível fator de risco para DRC. Objetivo: analisar a relação entre o FCH e a DRC em indivíduos com diagnóstico de HA e, ou DM. Metodologia: estudo transversal, realizado com 994 indivíduos diagnosticados com HA e, ou DM, acompanhados pelas equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Viçosa, Minas Gerais, de agosto de 2017 a abril de 2018. Os participantes do estudo foram submetidos a entrevistas, avaliação antropométrica, medida da pressão arterial e exames bioquímicos de sangue e urina. Para avaliar a associação entre FCH e DRC, foi realizada uma regressão logística multivariada. Resultados: a prevalência de DRC na população analisada foi de 21,1% e dos 994 indivíduos, 207 (20,8%) possuíam o FCH. Os indivíduos com o FCH tiveram uma prevalência significativamente maior de DRC (28,0%). A regressão logística foi realizada com um intervalo de confiança de 95% e associou o FCH positivamente e de forma significativa (p≤ 0,05) com a DRC nas análises do modelo não-ajustado (OR=1,566) e modelo ajustado para confundidores (OR=1,917). Os indivíduos diagnosticados com o FCH possuíam um risco aumentado de 56,6% de terem DRC, quando comparado com pessoas com CC e TG em valores normais. Ao ajustar a análise do risco para idade, sexo, DM, consumo de tabaco e álcool, houve um aumento de 91,7% no risco. Conclusão: O estudo mostra que existe relação entre o FCH e a DRC entre indivíduos diagnosticados com HA e, ou DM, isso indica o fenótipo estudado como um preditor de alto risco para a DRC em indivíduos diagnosticados com HA e, ou DM. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de diagnóstico e tratamento adequado dos pacientes com fatores de risco para a DRC, como o FCH, visando o cuidado integral a partir da APS, tendo como principais objetivos a redução de desfechos desfavoráveis, como a mortalidade cardiovascular e a progressão para a doença renal terminal. |