Resumo |
Introdução: com um ritmo mundial acelerado de transição nutricional, as taxas crescentes de Doenças Cardiovasculares (DCV) e de Síndrome Metabólica (SM) em populações com diagnóstico de Hipertensão Arterial (HA) e, ou Diabetes Mellitus (DM) são especialmente alarmante. Diretamente relacionado ao desenvolvimento da DCV, bem como do risco aumentado para HA e SM, está o excesso de gordura intra-abdominal ou visceral. Em vista disso, o Índice de Adiposidade Visceral (IAV) foi proposto como uma ferramenta prognóstica de risco cardiometabólico precoce, aliado à sua inocuidade, ao baixo custo e às menores restrições culturais, este método torna-se de alta aplicabilidade na prática clínica e em estudos populacionais. Objetivo: examinar a associação entre o IAV, a SM e o risco de desenvolvimento de evento coronariano acima de 20%, nos próximos 10 anos. Metodologia: estudo transversal, realizado com 802 indivíduos com diagnóstico de HA e, ou DM acompanhados pela Atenção Primária a Saúde (APS). O IAV foi calculado utilizando parâmetros antropométricos e bioquímicos, e classificados com base nos quartis de gênero dos escores do IAV. A SM foi definida de acordo com os critérios do Painel de Tratamento III do Programa Nacional de Educação para Colesterol (NCEP-ATP III). O risco de ocorrência acima de 20% de evento coronariano, nos próximos 10 anos foi calculado pelo escore de risco de Framingham. Fatores sociodemográficos, clínicos, antropométricos, bioquímicos, hábitos de vida e cuidados em saúde foram usados para avaliar a força de associação entre o IAV, a SM e o risco de evento cardiovascular em 10 anos maior que 20% por meio de regressão logística. Resultado: características dos participantes estratificada pelo sexo mostra que o sexo masculino apresenta maior percentual de indivíduos de cor branca no Q4 (26,9%) e que a mediana da glicose em jejum, assim como a albumina sérica, aumenta à medida que os quartis aumentam. Já em relação ao sexo feminino existe um maior percentual de mulheres de cor parda no Q4 (34,0%) e a hemoglobina glicosilada se associou positivamente com IAV (p=0,004). O IAV se associou positivamente com a SM, sendo esta associação maior no Q4 do sexo feminino (OR=529.7, CI 95%= 61.2 – 4585.8). O risco de evento cardiovascular em 10 anos maior que 20% associou-se positivamente ao IAV principalmente no Q4 no sexo feminino (OR=640.9, CI 95%= 18.7 – 21977.5) e masculino (OR=113.6, CI 95%= 7.2 – 1784.0). Conclusão: o estudo demonstra que o IAV é um bom preditor para SM e o risco de evento cardiovascular em 10 anos acima que 20%, apresentando-se como um bom parâmetro a ser adotado na prática clínica, como uma ferramenta de diagnóstico simples e acessível do acumulo de gordura visceral, com medidas eficazes tanto de prevenção quanto de reversão do quadro de saúde, podendo levar a redução considerável da carga social e econômica das patologias supracitadas. |