Resumo |
Em pesquisa anterior, buscamos a representação do “príncipe” nos Guias Politicamente Incorretos da História do Brasil. A partir do percurso teórico-metodológico traçado, chegamos a algumas conclusões em relação à construção da imagem dos presidentes (como os ethé "sério", "inteligente", "solidário", etc.) Além disso, identificamos alguns ethé (CHARAUDEAU, 2008) que contradiziam a imagem do “bom político” e do “homem vrbano”, como o “não-sério”, “tolo” e “adúltero”, indicando a utilização de algumas formas do riso pelas figuras históricas. Desse modo, o presente trabalho tem o principal objetivo de analisar, pelo viés da Teoria Semiolinguística, as estratégias linguístico-discursivas responsáveis pelo uso do riso nas enunciações dos presidentes nos Guias Politicamente Incorretos..., levando em consideração os conceitos de vrbanitas (VALE, 2013) e ethos (CHARAUDEAU, 2008). Além disso, nossos objetivos específicos consistem em analisar as formas do riso presentes no discurso dos “príncipes”, levando em conta questões situacionais e linguísticas; compreender os contratos de comunicação das cenas internas ficcionais que indicam as representações humorísticas dos “príncipes” e a utilização do riso pelos mesmos; discutir as relações entre o Discurso Político e o Discurso Humorístico no guia. Para isso, será feita uma Revisão de literatura no intuito de compreender e evidenciar a relação entre o Discurso Humorístico e a representação do “príncipe” no Guia politicamente incorreto dos presidentes da República (SCHMIDT, 2015); Descreveremos o corpus de acordo com os modos de Organização do Discurso (CHARAUDEAU, 2016) e as Categorias do Humor (CHARAUDEAU, 2006a), (VALE, 2013), e identificaremos as principais estratégias linguísticas e enunciativas que contribuirão para alcançarmos a representação do “príncipe” pelo Discurso Humorístico. Segundo Vale (2013), existem vários tipos de sujeitos que utilizam da linguagem do riso como modo de se expressar. Porém, o tipo de identidade associada a essa linguagem é, justamente, relacionada ao cômico. É possível, então, afirmar que cada imaginário sociodiscursivo possui uma função dentro do contrato de comunicação do qual ele pode fazer parte. Assim, o político tem um lugar de fala dentro de um tipo de discurso (Político), a partir do qual possui caminhos que pode, ou não, trilhar. O riso, por exemplo, sendo relacionado ao imaginário do “humorista”, pode indicar o ethos "não-sério". Apesar de ser característico do cômico, ele é recorrente nas falas dos presidentes no guia, o que levanta a seguinte questão: É permitido que o "príncipe" utilize do riso no discurso político? Para respondê-la, é preciso, então, traçar os limites do uso da linguagem do riso nesse discurso através do conceito de vrbanitas (VALE, 2013), que delimita o grau de adequação do uso do riso. Desse modo, será preciso analisar como a utilização da linguagem do riso funciona na construção do ethos dos presidentes do Brasil. |