Resumo |
A Laguna da Jansen, localizada em São Luís/MA, possui importância social, turística e econômica para a região e conecta-se com o mar através de um sistema de comportas. As ações antrópicas vêm alterando a qualidade da água desse ecossistema provocando eventos de eutrofização e assoreamento. Um estudo anterior na Laguna constatou concentrações de poluentes acima dos limites permitidos pela CONAMA 357/2005, além de verificar que o índice trófico variou de eutrófico a hipereutrófico, nas estações seca e chuvosa, respectivamente. Assim, este estudo avaliou as variáveis ambientais que mais impactaram no aporte de água e no comportamento hidrodinâmico da Laguna, durante as estações secas e chuvosas. Como ferramenta foi utilizado o sistema de modelos SisBaHiA®- versão 10c, que permitiu avaliar a circulação da água em diferentes cenários a partir de dados de entrada como: batimetria (dados primários por meio de levantamento batimétrico), constantes harmônicas, vento e precipitação (obtidos no portal do Instituto Nacional de Meteorologia). Por meio do modelo batimétrico foram identificadas regiões assoreadas, com profundidade média de 1 m. A simulação para o período chuvoso mostrou amplitude máxima da maré de 3,5 m, enquanto o período seco atingiu até 4 m, proporcionando maior entrada de água do mar na Laguna no período seco. Em contrapartida, a influência da precipitação no período seco foi insignificante, enquanto para o período chuvoso essa variável contribuiu com o aporte de água nova na Laguna. Em relação a circulação de água, a variável que mais influenciou no campo de velocidade foi a maré. Em ambos os períodos analisados, as velocidades máximas observadas em diferentes regiões da Laguna coincidiram com os instantes que a elevação da maré atingiu os maiores níveis verificados. Apesar das condições hidrodinâmicas também sofrerem influência dos ventos, esse efeito não foi dominante nos modelos testados. Foi constatado ainda, nos dois cenários, que a proximidade entre a comporta de entrada e de saída favoreceu a formação de redemoinhos, fazendo com que a água do mar recém-chegada na Laguna fosse imediatamente redirecionada para fora. Ainda, foram observadas velocidades cerca de 20 vezes maiores neste local (48 cm/s) do que nas demais regiões (2,5 cm/s), indicando que a água entra e sai com rapidez e não se espalha na Laguna. As velocidades baixas nas regiões afastadas das comportas estiveram associadas à alta probabilidade de florescência de algas. Portanto, a análise dos cenários mostrou que durante todo o ano deve-se garantir que a água do mar entre em maior quantidade e circule por toda a extensão da Laguna, evitando a ocorrência de fluxos preferenciais. Assim, deve-se avaliar a possibilidade de abertura de um novo canal de lado aposto ao canal de entrada, para funcionar como saída de água. Sugere-se ainda, a realização de uma obra de dragagem, a fim de aumentar a lâmina d’água e remover sedimentos, evitando odores e perda de qualidade da água. |