"A Transversalidade da Ciência, Tecnologia e Inovações para o Planeta"

5 a 7 de outubro de 2021

Trabalho 14622

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Comunicação
Setor Departamento de Comunicação Social
Bolsa PIBIC/CNPq
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Ana Kei Ballabio Osera
Orientador HENRIQUE MOREIRA MAZETTI
Outros membros Júlia Teixeira Lourenço
Título Os sentidos do mal-estar estudantil em O Bonde (1945-1951) e as transformações históricas nos modos de narrar o sofrimento.
Resumo As discussões sobre saúde mental no ambiente universitário ganharam visibilidade nos últimos anos. Esta pesquisa aborda o tema a partir da análise de textos publicados no periódico O Bonde, produzido por alunos da Escola Superior de Agronomia e Veterinária (ESAV). O objetivo principal da pesquisa é obter uma perspectiva histórica que permita uma reflexão sobre a questão. A escolha do periódico O Bonde como objeto se deu por este ter sido escrito por alunos da época, resultando em relatos reveladores sobre como era ser um estudante da ESAV dos anos 1940. O recorte temporal (1945 - 1951) foi escolhido principalmente pela sua distância em relação ao presente. Cento e seis edições foram lidas e analisadas de forma exploratória, onde se buscavam por textos que abordassem a temática do sofrimento. Esses relatos que falavam sobre mal-estar foram colocados em uma tabela de análises que continha: a) elementos para identificação do texto; b) elementos textuais para a análise, baseados em três perguntas formuladas em diálogo com o referencial teórico: quem sofre, quem faz sofrer e como esse sofrimento é narrado. A partir dessa análise, foi possível separar os relatos em seis categorias distintas. Para esta pesquisa, entretanto, resolvemos focar somente nas categorias de mal-estar em relação aos professores e instituição e mal-estar em relação à rotina e relações com o tempo. Os textos selecionados para a análise foram interpretados com a ajuda de um referencial teórico apoiado em trabalhos como os de Vaz (2014); Sant’anna (2013); Sibilia (2016); Rezende e Coelho (2010); Vaz e Rony (2011). A partir da análise desses relatos concluímos que os mal-estares dos estudantes da ESAV dos anos 1940 eram pontuais e vinculados às experiências cotidianas dos estudantes. A falta de didática dos professores, a falta de tempo e as más condições do refeitório produziam incômodo, mas ele não era descrito como fator de adoecimento. Esses mal-estares se restringiam ao ambiente acadêmico, não sendo narrados como fenômenos que afetassem esferas psicológicas ou existenciais dos estudantes. A narrativa atual é muito diferente. Se na época de O Bonde mencionar sofrimento psíquico poderia ser visto como uma fraqueza, nos dias de hoje essa exposição vem sendo não só menos estigmatizada, como até estimulada. Há uma tendência, hoje em dia, de associar todo e qualquer sofrimento exclusivamente à saúde mental - movimento que transforma a relação em torno dos diagnósticos médicos, seguindo uma lógica medicalizante, em que diagnosticar e medicar a vítima individual prevalece diante da possibilidade de identificar e alterar dimensões coletivas de um problema social.
Palavras-chave Jornal estudantil, Sofrimento, Universidade
Forma de apresentação..... Vídeo
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