Resumo |
Neste trabalho, apresentamos as reflexões preliminares de nossa pesquisa de mestrado, cujo objetivo geral é analisar como as pessoas negras são discursivamente representadas na campanha publicitária #AvonTáOn. Nossos objetivos específicos são: i. Caracterizar o contrato de comunicação que rege a campanha publicitária #AvonTáOn; ii. Investigar os componentes linguísticos, discursivos, sonoros e icônicos da campanha, bem como aplicar os modos de organização do discurso; iii. Identificar os principais imaginários sociodiscursivos e estereótipos sobre pessoas negras que aparecem na campanha. A escolha da Avon como objeto de estudo deveu-se ao novo momento da empresa apresentado ao público por meio da parceria inédita com o Big Brother Brasil, trazendo temas importantes como a diversidade, o estímulo ao empoderamento e ao empreendedorismo feminino, além de quebrar alguns preconceitos e barreiras gerados nos anos anteriores. Nosso principal eixo teórico-metodológico foi a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, que se mostra relevante por levar em conta a linguagem e o contexto psicossocial que permite a sua manifestação (MACHADO, 1992). Lançamos mão, ainda, das noções de contrato de comunicação, dos modos de organização do discurso, de estereótipo e imaginários sociodiscursivos do mesmo autor. Aliamos a este repertório teórico, as seguintes discussões: racismo estrutural (ALMEIDA, 2019), a contribuição de autoras negras para compreender representações atribuídas à pessoa negra na sociedade (RIBEIRO, 2018; COLLINS, 2019; HOOKS, 2019), a história da beleza no Brasil (SANT’ANNA, 2014) e a representação de pessoas negras na mídia (WINCH; ESCOBAR, 2012; ROCCO, 2017). Na análise da campanha #AvonTáOn, temos considerado a forma com que as pessoas negras se apresentam na campanha, a relação do corpo com a imagem retratada, os efeitos sonoros, os artefatos verbais e icônicos da campanha e o modo como esses aspectos podem reproduzir estereótipos e/ou imaginários sociodiscursivos (CHARAUDEAU, 2017) presentes na sociedade. As análises até o momento empreendidas nos levam a confirmar nossa hipótese de pesquisa, de que a identidade negra se fará presente discursivamente na campanha de modo a concretizar a pauta da diferença. Contudo, devido às restrições situacionais e linguísticas que se apresentam no contrato de comunicação da campanha publicitária, nos deparamos com alguns limites para essa representação das pessoas negras e, com isso, encontrarmos a reprodução de imaginários cristalizados sociohistoricamente a elas. |