Resumo |
Introdução: Os possíveis efeitos do alongamento sobre a força muscular parecem estar relacionados a fatores mecânicos e/ou neurais. No entanto os estudos têm produzido resultados conflitantes que não permitem sustentar a premissa de que o alongamento prévio possa causar efeitos positivos ou negativos sobre o desempenho da força muscular. Assim, a realização de estudos, experimentais ou de revisão, que tentem elucidar essa lacuna torna-se relevante, uma vez que programas que empreguem exercícios de alongamento e força muscular em uma mesma sessão de treinamento podem ser amplamente empregados como estratégia para promoção da saúde, tratamento de comorbidades, condicionamento físico, reabilitação ou melhora do desempenho atlético. Objetivo: O objetivo deste estudo é revisar sistematicamente a literatura, para avaliar o efeito do alongamento sobre a força muscular de pessoas saudáveis. Métodos: Os artigos foram selecionados através dos bancos de dados da PubMed, Scopus e Scielo e para serem incluídos na presente revisão sistemática os estudos deveriam apresentar uma intervenção que avaliasse os efeitos do trabalho de flexibilidade sobre, pelo menos, uma medida de desempenho da força muscular, em pessoas saudáveis. Os termos de pesquisa utilizados foram: (Flexibility OR Stretching) AND “Strength” OR “Hypertrophy”. O período de pesquisa de literatura abrangeu publicações até dezembro de 2020. Resultados: Foram incluídos 18 estudos. A média de pontos atingida foi de 5,72 na escala PEDro. Assim é possível considerar que os estudos têm boa qualidade e seus resultados não sofrem interferências dos critérios não atendidos. O risco de viés foi realizado usando RevMan 5.3 (Cochrane Center), obtendo classificação de baixo risco de viés. O número total de participantes foi de 396, sendo que 50,74% (n= 342) sofreram intervenção com alongamento e 49,25% (n= 332) participaram como grupo controle. Os tipos de alongamento utilizados foram o estático contínuo 20% (n= 5), estático intermitente 60% (n= 15) e o dinâmico 20% (n= 5). Os tipos de força avaliadas foram a força máxima isométrica (12,5%), a força máxima dinâmica (66,66%) e a potência muscular (20,83%). A revisão sistemática trouxe como resultados que 5,5% (n= 1) dos estudos demonstraram aumento da força muscular após o alongamento; 38,8% (n= 7) apresentaram redução da força após o alongamento; 38,8% (n= 7) não observaram alteração da força; e 16,6% (n= 3) apresentaram aumento ou redução da força muscular dependendo do tipo de alongamento. Conclusão: Conclui-se que o alongamento estático aparentemente induziu uma redução no desempenho muscular, seja ele na força máxima isométrica, força máxima dinâmica ou potência muscular. Por outro lado, a melhora do desempenho muscular parece ter sido induzida pelo alongamento estático intermitente ou pelo alongamento dinâmico, sugerindo esses tipos de alongamento como uma possível estratégia de potenciação e pré-ativação. |