Resumo |
A sazonalidade forrageira impede que vacas de descarte mantenham a qualidade da carcaça, e consequentemente da carne. A utilização de confinamento pode minimizar esses possíveis efeitos. Assim, objetivo nesse trabalho foi avaliar a qualidade da carne de vacas de descarte, abatidas em três diferentes períodos de confinamento. O experimento foi conduzido nas dependências da Universidade Federal de Viçosa e os procedimentos de manejo dos animais seguiram os protocolos aprovados pelas normas da CEUAP da mesma universidade, registro 037/2017. Foram utilizadas 20 vacas Nelore de descarte com idade média de 10,6 + 2,5 anos e peso médio de 477 + 50 kg, provenientes do sistema pasto/suplemento, essas foram divididas em três grupos: 6 vacas abatidas no início como grupo controle (C0), 7 confinados por 28 dias (C28) e 7 por 58 dias (C58). A dieta experimental, fornecida aos tratamentos C28 e C56, foi calculada segundo BR CORTE (2010) almejando ganho de 1,2 kg/dia. Ao final do período experimental, os animais foram abatidos conforme designado pela IN No 3 de 13/01/2000 (Brasil, 2000). Imediatamente após a sangria, esfola e evisceração foi retirada uma amostra do músculo Longissimus dorsi na altura da 12ª costela, que foi macerada e armazenada em nitrogênio líquido. Posteriormente, verificou-se a degradação da proteína estrutural desmina, através da técnica de western blotting. As carcaças foram divididas, e colocadas na câmara de resfriamento à 4ºC por 24 horas. Na meia carcaça esquerda foi mensurado a área do músculo Longissumus dorsi, área de olho de lombo (AOL), na face compreendida entre a 12ª e 13ª costela. Na mesma região foi mensurada a espessura de gordura subcutânea (EGS) com auxílio de um paquímetro. Decorrido o tempo de resfriamento foi obtida uma amostra do músculo Longissimus na região compreendida entre a 6ª e 9ª costelas da meia carcaça esquerda. Essa foi fracionada em três porções iguais, devidamente identificadas e embaladas à vácuo, sendo uma imediatamente congelada à -18°C, e as outras foram maturadas à 4ºC por 7 e 14 dias. Onde foram realizadas análises das características qualitativas da carne associadas a maciez, sendo força de cisalhamento (FC), comprimento de sarcômero (CS), índice de fragmentação miofibrilar (IFM). Também, foram retiradas amostras de carne do tempo 14 de maturação para análise da desmina. Todas as características foram analisadas mediante o procedimento GLM do SAS adotando-se α= 0,05, usando o peso e a idade inicial como covariáveis. A AOL e EGS aumentaram com os dias de confinamento (P = 0,042 e 0,006, respectivamente), assim como, o CS (P < 0,0001). O IFM aumentou com o tempo de maturação (P < 0,0001). A FC diminuiu com os dias em confinamento (P = 0,030) e o tempo de maturação (P < 0,0001). A desmina não apresentou diferença significativa (P<0,05) entre os tempos de maturação. Conclui-se que a utilização de confinamento e maturação, acarretam em uma melhoria na carcaça e maciez da carne desses animais. |