Resumo |
O presente estudo propôs um aprofundamento teórico-empírico sobre a terceirização e a terceirização no Brasil, para apresentar uma contribuição inédita ao analisar as relações inerentes ao trabalho e à terceirização, bem como seus efeitos e desafios para a sociedade. Por meio desta pesquisa, buscou-se responder às seguintes perguntas: o processo de terceirização não se constrói apenas de vantagem para os contratantes ou ele também pode mudar os processos e vir a precarizar o trabalho? Quais são as perspectivas do trabalhador não-terceirizado sobre o trabalho em conjunto com terceirizados e quais os efeitos da terceirização nesta relação de trabalho? A terceirização do trabalho, sendo este inerente ao ser humano, vem a ser um assunto deveras importante no presente momento do Brasil, de seu contexto político e econômico, em meio a tantas mudanças e discussões de novas leis. Na pesquisa de cunho qualitativo, foram feitas entrevistas semi-estruturadas com funcionários terceirizados atuantes na segurança de uma Instituição Federal de Ensino Superior, objetivou-se analisar como a terceirização vem sendo implantada na instituição, levantar o contexto e desafios advindos da terceirização do trabalho numa instituição pública, constatar as consequências sentidas pela instituição em decorrência da terceirização do trabalho, apurar as condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados e verificar as consequências da terceirização no processo de trabalho do servidores efetivos da instituição. Os resultados demonstraram que apesar dos casos isolados de problemas de convivência entre os trabalhadores, a maioria exalta a união da equipe e valoriza muito os serviços prestados, quando há entrosamento das partes envolvidas. Existe também uma sensibilização dos não-terceirizados com a situações incômodas que o trabalhador terceirizado enfrenta, reafirmando suas restrições quanto à reclamação, má remuneração salarial e inexistência de benefícios. Em relação à valorização profissional, no geral, terceirizados não recebem elogios em volume suficiente para convencê-los de seu valor como profissional; as críticas negativas são pontuais, mas marcam muito os entrevistados que sofrem com elas, o que gera essa imagem mais negativo sobre si e seu trabalho. Houveram relatos de críticas aos não-terceirizados, mas os elogios tinham mais peso e por isso prevaleceram. No geral, todos os funcionários são valorizados e tratados com semelhança. Conclui-se também que a mudança no perfil do profissional de segurança para alguém mais culto e que possui capacitações e características que o tornam mais capaz de lidar com público e resolver problemas contribui para que eles sejam mais reconhecidos no trabalho e na profissão. |