Resumo |
A deficiência na gestão de recursos hídricos, associada ao uso e a ocupação inadequados dos solos e as alterações na dinâmica das chuvas potencializam o déficit hídrico nos pontos de afloramento dos lençóis subterrâneos e a perda da qualidade da água por poluição dos corpos d’água. Como proposta à recuperação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos, o plantio de água é descrito como o conjunto de práticas mecânicas, vegetativas e de cunho sanitário que visam promover a recarga dos lençóis freáticos, como melhorar a qualidade das águas com a implementação de sistemas de tratamento de esgoto doméstico individuais. As práticas são fundamentalmente o cercamento de áreas de preservação permanentes e cursos d’água, a recuperação de matas ciliares com sistemas agroflorestais, a construção de caixas secas e de caixas cheias, a implantação de terraços em curva de nível resultam na melhoria do saneamento rural. O plantio de água tem como metodologia fundamental a pedagogia da autonomia, possibilitando a formação dos sujeitos envolvidos, para que estes sejam aptos a construir, propor e multiplicar o conhecimento prático e teórico construídos com a participação desses sujeitos, em que os aspectos socioambientais locais são considerados. O convênio entre a Universidade Federal de Viçosa e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário (2018) firmado via o Núcleo de Educação no Campo e Agroecologia buscou implementar o plantio de água, somado aos quintais produtivos, os sistemas agroflorestais e o manejo agroecológico de criação animal, em três municípios da Bacia do rio Doce: Barra Longa, Cajuri e Viçosa. O convênio intitulado “Zona Matalúrgica: readoçando o rio a partir do manejo coletivo dos saberes agroecológico” teve como objetivo a adequação de seis propriedades rurais para que fossem consideradas unidades de referência agroecológicas nos três munícipios citados. O convênio buscou fomentar a recuperação e equilíbrio dos ecossistemas da bacia, a partir dos saberes e dos pilares da agroecologia, somados ao desenvolvimento das tecnologias sociais. O trabalho teve como consequência o empoderamento dos agricultores e agricultoras, com a emancipação e fortalecimento dos conhecimentos populares. Mutirões foram realizados nas propriedades que receberam as tecnologias sociais, assim como intercâmbios e oficinas de capacitação agroecológica. Como resultado do projeto realizaram-se um seminário de apresentação do projeto, cinco (5) mutirões e três (3) intercâmbios no município de Barra Longa, assim como dois (2) intercâmbio e quatro (4) mutirões no munícipio de Cajuri, e um (1) intercâmbio e dois (2) mutirões no munícipio de Viçosa. Percebeu-se a necessidade de se realizar mais trabalhos capazes de promover a participação efetiva dos agricultores e agricultoras no processo de construção de conhecimento e das ações que visam melhoria nos ecossistemas naturais, para que com isso, estes sejam os agentes de efetiva transformação dos locais em que habitam. |