Resumo |
A carne suína é a principal fonte de proteína de origem animal produzida no mundo, conforme dados do United States Department of Agriculture - USDA, representando 47,6% da produção total de carne, contra 29,6% e 22,8% de carne bovina e de aves, respectivamente. Nos dias atuais é evidente a necessidade de um controle adequado, assim como a identificação de focos de contaminação de diferentes micro-organismos patogênicos nas cadeias produtivas de carne suína. Entre os patógenos associados à cadeia produtiva de carne suína, Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Yersinia enterocolitica merecem destaque, e a resistência dos mesmos a antibiótico é uma preocupação em relação à saúde do consumidor. O objetivo desse estudo é a avaliação da contaminação por Salmonella spp. na cadeia produtiva de suínos e de seu perfil genético e possíveis resistências antimicrobianas. As cepas de Salmonella spp. utilizadas foram coletadas em duas granjas de suínos e um matadouro-frigorífico localizado na região de Ponte Nova (MG). Os isolados foram estocados em ágar nutriente e posteriormente plaqueados em ágar de desoxicolato-lisina-xilose (XLD) e incubados a 37ºC durante 24 horas. Uma colônia de Salmonella spp. foi selecionada e inserido em tubos com Brain Heart Infusion (B.H. I) caldo a 37ºC por 24 horas para extração do DNA por método de fervura. Foi realizada a confirmação pela técnica da PCR com os genes alvo (blaTEM, catA1, floR, aphA2, nimA-like, sul1, sul2, strA, tetA, strA, tet(A), sanA, ZOO55 ) específicos para Salmonella spp. e corrida de gel em eletroforese para a visualização das bandas. Foi realizado o teste de Concentração Inibitória mínima (MIC) com a diluição seriada dos antibióticos Ampicilina, Cefoxitin, Clorafenicol, Estreptomicin, Ceftozidine, Gentamicina, Tetraciclina, Ciprofloxacina, Ertapenem, Meropenem, Kanamicina, Sulfa mais Trimetropim. 20 isolados de Salmonella spp. foram confirmados através da PCR, e ao analisar as bandas da eletroforese, foi constatado que todos os isolados são positivos para o gene de resistência sul1, sul2, sanA, nimA-like, catA1 e tet(A), 19 ZOO 55, 14 ao aphA-2, 12 ao strA, 11 ao blaTEM,, 9 ao floR, e 5 ao tet(A2), e pelo teste de MIC, 15 demonstraram resistência à estreptomicina (nas concentrações de 128 μg/mL, 64 μg/mL, e 32 μg/mL) 14 à tetraciclina (64 μg/mL), 13 à clorafenicol, 9 à ampicilina (128 μg/mL), 8 à ciprofloxacina (2 μg/mL), 6 à sulfa + trimetropim( 4 + 76 e 16 + 304 μg/mL), 5 à gentamicina (32 e 16 μg/mL), 5 à cefoxitina (32 e 128 μg/mL), 2 à meropenem (16 μg/mL) e ceftazidime (64 μg/mL), apenas 1 à ertapenem (2 μg/mL), e todos foram sensíveis à Kanamicina. Com isso, estudo demonstrou que é possível encontrar Salmonella spp. na cadeia produtiva da carne de suína. Foram obtidos isolados positivos para os 12 genes de virulência assim como confirmado a presença de resistência a 19 dos 20 antibióticos testados, o que sugere um risco a saúde do consumidor em caso de contaminação. |