Resumo |
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença com alta prevalência, atingindo mais de 20% da população brasileira e é considerada um dos principais precursores da insuficiência cardíaca. O processo hipertensivo é responsável por um remodelamento estrutural das câmaras e do tecido cardíaco, o que está associado a anormalidades elétricas e mecânicas. Em modelo de ratos espontaneamente hipertensos (SHR), o exercício físico tem sido estudado como estratégia de prevenção e tratamento não farmacológico, em busca dos mecanismos responsáveis pela atenuação dos efeitos deletérios da hipertensão no miocárdio. Um dos danos provocados pela hipertensão é a alteração dos níveis de cálcio (Ca2+) diastólico. O presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento aeróbio de intensidade moderada nos níveis de Ca2+ diastólico em cardiomiócitos isolados de ratos hipertensos. Ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos (Wistar) com 4 meses de idade, foram divididos em quatro grupos: normotenso sedentário (NS, n=8), normotenso treinado (NT, n=8), hipertenso sedentário (HS, n=8) e hipertenso treinado (HT, n=8). Os animais foram submetidos a um protocolo de corrida, 5 dias/semana, durante 1 hora/dia, 60 a 70% da velocidade máxima de corrida, por 8 semanas. Após o treinamento, os animais sofreram eutanásia e miócitos do ventrículo esquerdo foram isolados por dispersão enzimática. Os cardiomiócitos isolados foram incubados com o marcador de Ca2+ (Fura-2/AM) e estimulados a 1 Hz, em temperatura ambiente. A fluorescência emitida pelo marcador de Ca2+ durante a contração e o relaxamento celular foi registrada usando-se um sistema apropriado (Ionoptix – EUA). Os resultados dos grupos foram comparados usando-se a ANOVA two-way, seguida do post hoc de Tukey. Constatou-se que houve efeito independente do fator hipertensão, pois os animais SHR apresentaram menores níveis de Ca2+ diastólico que os normotensos (N: 0,554 ± 0,03; H: 0,414 ± 0,02). Todavia, apesar de não ter havido efeito independente do treinamento, houve interação entre os fatores. O grupo HS apresentou maiores níveis de Ca2+ diastólico que o HT e demais grupos. Concluiu-se que o treinamento aeróbio não apresentou efeitos sobre os níveis de Ca2+ diastólico em cardiomiócitos isolados de ratos hipertensos submetidos ao treinamento aeróbio. |