Resumo |
No início do Século XXI, a comunidade surda obteve relevante vitória que se acrescenta à sua história de luta e busca por direitos sociais. Uma das conquistas a se destacar foi a Lei nº 10.436/02 que legitima a língua de sinais como o meio legal de comunicação das comunidades surdas sendo oficializado seu uso em espaços como escolas, igrejas, dentre outros, assegurando, a este grupo o direito à cidadania. Para que tal lei fosse efetivada, foi necessário inserir profissionais capazes de utilizar a língua de sinais, principalmente nos estabelecimentos de ensino a fim de que os estudantes surdos pudessem ser incluídos nas escolas regulares. O responsável em proporcionar e assegurar a tradução e interpretação simultânea em libras no espaço escolar é o intérprete educacional que, juntamente com o professor regente, conduz e acompanha o aluno(a) surda(o) a fim de que sua comunicação no ambiente educacional seja significativa, contribuindo, assim, no processo ensino-aprendizagem. O objetivo deste trabalho foi apresentar os desafios da atuação de um intérprete de libras no cotidiano escolar, a partir de um relato de experiência em uma escola do município de Teófilo Otoni, Minas Gerais. Esta atendia cerca de 300 alunos no turno vespertino do ensino fundamental I, tendo apenas uma aluna surda. A escola apresentava uma estrutura de qualidade contendo sala de recursos bem equipada com jogos, inclusive alguns na própria língua de sinais. A integração deste profissional na escola não foi positiva, pois sua inserção foi feita apenas para cumprir com a lei, não sendo repassado o plano de desenvolvimento individual da aluna para que o intérprete pudesse ter conhecimento do histórico da educanda bem como suas dificuldades sócio-educacionais. Além disso, a equipe pedagógica não percebia a relevância de atuação do intérprete, resultando, desta forma, na resistência e descaso por parte destes profissionais. Após um período de integração com a equipe foi possível reunir informações a respeito da educanda, o que possibilitou direcionar atividades pedagógicas capazes de contribuir em seu ensino-aprendizagem. Ademais, conhecer o histórico da educanda proporcionou avaliar determinadas situações de resistência por parte da família e da própria aluna em ser alfabetizada através da língua de sinais. Nesse sentido, observa-se que as dificuldades encontradas pelos intérpretes para a execução do seu trabalho vão além da falta de recursos financeiros, pois é preciso que as instituições educacionais bem como as famílias de crianças e jovens surdos percebam a importância deste profissional como mediador no processo de inclusão e formação. |