Resumo |
A oitava Troca de Saberes ocorreu entre os dias 15 e 19 de julho de 2016 na Universidade Federal de Viçosa, sendo palco de diversos diálogos em torno do tema: “M’nhâmã Água: Roda de Saberes das Transformações”. Para convidar à discussão entre os vários atores sociais participantes, foram utilizadas algumas metodologias participativas, entre elas as Instalações Artístico Pedagógicas, que propiciam a construção coletiva do conhecimento e trazem uma nova perspectiva de exibição da arte, das ideias, dos saberes e fazeres, gerando problematizações e reflexões. Uma das instalações da troca de saberes foi Plantas medicinais na agroecologia: um olhar científico, cultural e popular, na qual dialogaram pesquisadoras, adeptos da medicina popular, representantes de comunidades quilombolas, indígenas, cristãos, umbandistas, budistas e outras pessoas que partilham relações com as plantas medicinais. Um dos facilitadores da instalação realizou o teste de biodigital, que trata-se de uma avaliação energética entre os aplicadores e o paciente, com o auxílio de um objeto condutor de energia são avaliados os pontos energéticos do corpo; o tratamento proposto utiliza plantas medicinais. A aplicação do biodigital em uma das participantes constatou que esta sofria de hipertensão, a mesma confirmou a informação, assim sendo, um dos facilitadores da instalação lhe indicou uma planta popularmente denominada Colônia, utilizada no tratamento para a hipertensão. Neste momento, outra senhora participante da instalação relatou que seu pai, um falecido médium da cidade de São Joao Nepomuceno, recebia uma entidade espiritual que, por muitas vezes, orientava-o a tratar pessoas enfermas com a Colônia. Quando da morte de seu pai, ela organizou suas coisas e encontrou cartas de inúmeras pessoas de diferentes lugares, lhe agradecendo pela cura através da planta Colônia. Nos espaços e metodologias propostas pela Troca de Saberes, todas as formas de conhecimento são valorizadas sem detrimentos nem sobreposições, os saberes interagem e através desta interação são geradas emancipações e evidenciados elementos místicos que se perderiam se não houvesse um olhar igualitário entre os saberes acadêmico, cultural e popular. Buscamos evidenciar como o desafio do diálogo entre conhecimento científico e popular nos encoraja a buscar novos referenciais metodológicos e teóricos, dentre os quais a Etnoecologia e a Ecologia dos Saberes são fundamentais para reestruturar a produção do conhecimento e ampliar a autonomia das camadas populares em relação aos seus cuidados com a saúde. |