Resumo |
Introdução: O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma estratégia de cuidado vista como um conjunto de ações terapêuticas que são elaboradas e desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar, a partir da singularidade do indivíduo, levando em conta sua subjetividade. Historicamente o cuidado em saúde consistia no paradigma biomédico, centrado no diagnóstico e na doença. O PTS ultrapassa esse modelo, na busca de atender as necessidades das pessoas para além da doença, levando em consideração o contexto social em que estão inseridas. Objetivo: apresentar os principais desafios encontrados na tentativa de implementação do PTS em uma comunidade adscrita a uma unidade de saúde da família de Viçosa. Descrição das principais ações: trata-se de uma experiência vivenciada por estudantes dos cursos de Enfermagem, Medicina e Nutrição que participam da Liga Acadêmica de Saúde Coletiva (LASAC-UFV). Tal experiência se deu no decorrer de 2015, em uma comunidade pertencente a uma unidade de saúde da família de Viçosa onde a LASAC realizava atividades de campo. Os estudantes iniciaram suas ações com duas famílias, as quais foram indicadas pelas enfermeiras da unidade de saúde por considerarem a necessidade de uma assistência multiprofissional e singular, cabendo a implementação do PTS. Como estratégia metodológica para a abordagem inicial às famílias optou-se pela construção do genograma familiar. A partir da análise do genograma e das demandas levantadas pelas famílias, bem como das necessidades de saúde evidenciadas pela equipe da LASAC, deu-se a discussão sobre os dois casos, com vistas à construção do PTS. Resultados alcançados a até o momento:o genograma familiar, considerado uma ferramenta para o trabalho com famílias, permitiu aos membros da LASAC conhecê-las e compreendê-las, condição fundamental para atuar junto às mesmas. O grupo de estudantes encontrou grandes desafios para colocar em prática a proposta do PTS. Entre estes destaca-se a dificuldade da equipe da unidade de saúde em identificar a base teórica dessa prática, dificultando a adesão da mesma; a forma de organização das equipes de referência no município; a falta de espaços para discutir o PTS com o usuário e família; a não-disponibilidade da equipe em se dispor a compreender e atender as necessidades do usuário; a fragmentação do desenvolvimento do PTS nas etapas de prevenção, tratamento e reabilitação, em detrimento de uma concepção contínua e integrada entre esses aspectos; o curto período de tempo que a equipe da LASAC conseguiu atuar junto às famílias, associado à não continuidade das ações pela equipe da ESF; a falta ou insuficiência de registros em prontuários; entre outros. Conclusões: a experiência relatada permite inferir que a adoção do PTS nos serviços de saúde ainda é um processo em construção, perpassado por desafios que requerem ser equacionados para a consolidação da humanização e da integralidade da assistência aos indivíduos e coletividades no âmbito da saúde da família. |