Resumo |
O projeto de pesquisa “Educação para diversidade étnico-racial” é um desdobramento dos projetos de extensão desenvolvidos desde do ano de 2010 através dos programas PIBEX e PROEXT. Ele busca identificar e propor novas formas e metodologias de ensino sobre as questões étnicos raciais na universidade e escolas públicas. De modo geral, objetivamos compreender e comparar os principais focos de tensões raciais presentes no curso de Geografia e na escola estadual Emílio Jardim, como resultantes de práticas culturais hegemônicas ainda existentes no universo escolar e acadêmico. Para alcançar isso, nossos objetivos específicos foram: assinalar as principais referências culturais dos estudantes; identificar as atividades voltadas para a problematização da cultura de matriz afrodescendente nas instituições; distinguir a presença material e simbólica do preconceito racial nas duas instituições de ensino. A metodologia foi dividida em três etapas. Na primeira buscamos aportes teóricos e metodológicos para elucidar os principais conflitos étnico-raciais, a segunda levantamos informações com alunos e professores, através de oficinas, rodas de conversa e entrevistas; e a terceira confrontamos as informações obtidas com os conceitos da Geografia, com o intuito de compreender como a questão étnico racial se espacializa nas instituições. A pesquisa alcançou alguns resultados na escola e na Universidade. Na Escola Estadual Emílio Jardim, os alunos puderam ter um maior entendimento da cultura africana e afro-brasileira através de quatro oficinas temáticas que foram oferecidas abordando temas como o racismo e as diferentes formas de manifestação cultural de matriz africana. As atividades serviram para criar um espaço de reflexão sobre as diversas modalidades de preconceito existentes na instituição. Na Universidade Federal de Viçosa analisamos, a partir de entrevistas e levantamento documental, como a questão racial está presente nos projetos de extensão e pesquisa e nas atividades pedagógicas desenvolvidas no curso de Geografia. Mais além, foi possível perceber através do olhar de alguns alunos de Geografia, como questões étnico-raciais, entre elas o racismo e a cultura africana e afro-brasileira se espacializam pelo campus, e como são tratadas neste curso. Através disso pudemos chegar a algumas conclusões: a UFV, de modo geral, abre espaço para a manifestação dessa cultura, e apesar de existirem algumas ações, estas partem dos grupos envolvidos ou afetados pelo preconceito, não sendo uma política da universidade; os projetos de pesquisa, ensino e extensão relacionados a esse tema concentram-se nos cursos oferecidos pelo Centro de Ciências Humanas; segundo depoimentos de alguns alunos de Geografia, o racismo está presente no campus, mas isso não é assumido pela instituição; os temas vinculados a cultura negra são abordados no curso em diversas disciplinas, mas poderiam ser ampliados. |