Resumo |
A vespa parasitóide Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) é de grande importância econômica por sua eficiência no controle biológico de lagartas broqueadoras (lepidópteros) em diversas gramíneas. O sucesso do controle biológico tem gerado um grande aumento na demanda por parasitóides, exigindo dessa forma maior otimização da criação e multiplicação destes insetos em laboratório. O sucesso na produção da C. flavipes depende de uma série de cuidados, necessários durante todo o processo de produção, desde a obtenção do hospedeiro até a liberação do agente no campo. Assim como nos demais organismos vivos, a temperatura tem função fundamental na biologia dos insetos, isso porque é um dos fatores ambientais que interferem diretamente nas atividades metabólicas dos indivíduos já que estes são homeotérmicos, ou seja, não possuem um sistema de termorregulação. Este trabalho foi realizado com o objetivo de estabelecer uma relação da temperatura com o desenvolvimento das pupas e emergência de adultos de C. flavipes provenientes da criação no laboratório. Foram selecionados 48 casulos com o mesmo tempo de desenvolvimento (mesma coloração). Os casulos contendo pupas de C. flavipes foram coletados na criação mantida no laboratório de Semioquímicos e Comportamento de Insetos da UFV, e acondicionados em placas de Petri, e em seguida em BODs com temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35 ± 2°C, com Umidade Relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas. A umidade relativa e as temperaturas foram mantidas até ao final do ciclo de vida dos insetos. Uma análise de variância foi utilizada para verificar se houve diferença entre os tratamentos. Nas temperaturas de 30 e 35 ± 2°C observou-se mudança de coloração no 4° e 3° dia respectivamente e a emergência foi observada após o 6º e 5º dia respectivamente. As pupas submetidas à 25 ± 2°C começaram a apresentar mudanças na coloração no 5° dia e início da emergência após o 7º dia. Aos 20 ± 2°C, apresentaram alteração na coloração aos 7 dias decorridos e emergiram no 9º dia. Todas as pupas tratadas a 15 ± 2°C só começam a apresentar mudanças na coloração a partir do 11º dia do experimento e a emergência quando passado cerca de 13 dias, apresentando um atraso de cerca de 8 dias quando comparadas ao tratamento padrão, à 28°C. Também foi observada a mortalidade precoce nas vespas mantidas à 30 e 35 ± 2°C, reduzindo de 96 para cerca de 24 horas. Portanto concluímos que o intervalo de temperatura entre 15°C e 20°C atrasa a maturação das pupas sem afetar a viabilidade dos adultos de C. flavipes. Temperaturas entre 30° e 35°C acelera a maturação das pupas e reduz o tempo de vida dos adultos. Assim as mudanças programadas de temperatura permitem uma melhor sincronização do parasitoide a ser oferecido ao hospedeiro. |