Resumo |
A cultura da soja no Brasil, a partir dos anos 2000, passou a ser afetada pela necrose da haste da soja, causada pelo Cowpea mild mottle virus (CPMMV, família Betaflexiviridae, gênero Carlavirus). O CPMMV é um vírus de RNA fita simples, senso positivo, com seis “open reading frames” (ORFs). O vírus é capaz de ocasionar uma variedade de sintomas em seu hospedeiro, que variam de brandos (mosaicos e clareamentos de nervuras) a severos (queima do broto e necrose da haste e folhas), levando a grandes perdas na produção. Para que a infecção viral seja estabelecida, os vírus primeiramente precisam replicar-se, para isso o CPMMV utiliza a proteína replicase codificada pela ORF1 e proteínas acessórias do hospedeiro ainda não descritas. A replicase viral possui quatro domínios (metiltransferase, helicase, C23 peptidase e RNA-polimerase dependente de RNA (RdRp), sendo todos essenciais para o processo de replicação. Previamente foi identificada, via triagem por duplo-híbrido em biblioteca de cDNA de soja em levedura, uma proteína de soja: Hidroxindol-O-Metiltranferase (HOM) capaz de interagir com o domínio RdRp do CPMMV. A localização da proteína do hospedeiro e do domínio RdRp é desconhecida. Assim, o objetivo deste trabalho é determinar a localização subcelular do domínio RdRp do CPMMV e da proteína Hidroxindol-O-Metiltranferase (HOM) em plantas de N. bethamiana e avaliar o seu padrão de expressão. Para isso as proteínas foram clonadas em vetor pK7FWG2 via tecnologia Gateway a partir da construção pDONR221-RdRp e pDONR221-HOM e em seguida transformadas em Agrobacterium tumefaciens GV 3101. Para a agroinfiltração foram utilizadas plantas de Nicotiana bethamiana com 40 dias de desenvolvimento e culturas de A. tumefaciens com O.D.=0,2. Após a agroinfiltração as plantas foram mantidas à 22°C por 72horas. As plantas foram então visualizadas em microscópio confocal LSM 510 META (Carl Zeiss). Adicionalmente, plantas de soja cv. cd206, em estágio VC, foram inoculadas com o CPMMV:BR:MG:02 e o nível de expressão do gene (GmHOM) responsável por codificar HOM foi determinado via PCR em tempo real após 0, 3, 7 e 14 dias da inoculação (DPI). Como gene endógeno foi utilizada a GmHelicase. As análises de microscopia de confocal demonstraram que o domínio RdRp apresenta-se como pequenos corpos pontuais localizados na membrana celular, enquanto a proteína HOM apresenta localização citoplasmática. As análises de tempo real demonstraram que em 0 DPI não ocorreu alteração nos padrões de expressão de HOM enquanto em 14 DPI ocorreu redução. Curiosamente após 3 e 7 DPI ocorreu a indução da expressão de HOM. Esses dados sugerem que HOM é importante para o processo de infecção viral, podendo realmente interagir com a RdRp, conforme previamente identificado por duplo-híbrido de leveduras, nos estágios iniciais da infecção. |