Resumo |
Introdução: Nota-se nas últimas décadas um crescente aumento no número de partos cesáreos no mundo, sendo o Brasil apontado como o país que apresenta uma das maiores taxas. Esse aumento é considerável principalmente no setor privado, podendo alcançar os 88%, superior ao limite de 15% estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de sua realização indiscriminada na atualidade pelos profissionais, a cesariana possui indicação médica em situações de risco para a vida da mulher e da criança, constituindo um recurso fundamental que possibilita a realização de um parto mais seguro para o binômio mãe-filho. Objetivo: identificar situações clínicas da mulher e/ou da criança que indicam o parto cesáreo. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica em que foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados a partir de 2006 e artigos disponíveis na íntegra. A pesquisa foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), SCIELO e LILACS, utilizando-se como descritores: “saúde da mulher”, “cesárea” e “medicina baseada em evidências”. Resultados: Ao analisar os artigos, observa-se que os critérios clínicos para indicação do parto cesáreo sofreram algumas modificações devido as atualizações nas produções científicas. A maioria das indicações clínicas existentes até o momento são consideradas relativas e não absolutas, ou seja, dependem da progressão do trabalho de parto ou de alguma condição desenvolvida ou descoberta durante a gravidez. Dentre as indicações podemos citar as apresentações anômalas do feto, diabetes gestacional, descolamento prematuro da placenta, placenta prévia centro-total ou parcial – uma das raras indicações absolutas de cesariana -, placenta acreta - que pode ser ocasionada por uma cicatriz uterina devido a uma cesárea anterior, distocia, desproporção cefalopélvica e sofrimento fetal. Considerando o grande risco de transmissão materno-fetal, a cesariana também pode ser indicada para gestantes soropositivas com carga viral alta ou com histórico de não tratamento com antirretrovirais previamente ao parto. Já para outras doenças sexualmente transmissíveis não existem evidências suficientes de que a cesárea eletiva seja um fator protetor para evitar a transmissão vertical. Estudos recentes recomendam que em gestações de gemelares a termo não-complicadas com o primeiro gêmeo em apresentação cefálica o parto vaginal deve ser a escolha, evidenciando grandes chances de se obter o sucesso nessas situações. A realização de uma cesariana anterior também não é mais critério de indicação para novas cesarianas em gestações futuras. Conclusão: A produção científica está em construção e mudando paradigmas constantemente e os profissionais de saúde devem se manter atualizados para oferecer uma assistência de qualidade para o binômio mãe-filho, considerando as singularidades do indivíduo. |