Resumo |
Após intensa luta contra os povos muçulmanos (mouros) pela “reconquista” da península ibérica, Portugal se tornou o primeiro Estado nacional a se consolidar no território europeu em 1383. Sua organização política se pautava em um espaço novo de discussão e atuação pública diferente do modelo clássico feudal, o que promove transformações em diversas esferas do governo, como as finanças, a administração militar e, em especial, nas relações diplomáticas, que porão em funcionamento as primeiras embaixadas em caráter permanente. Esse projeto de pesquisa desenvolvido de forma autônoma, como parte da exigência do curso de Bacharelado em História, tem como objetivo a realização de um trabalho investigativo que pretende reconstruir as peculiaridades da mentalidade política portuguesa, em princípios do século XVI, nos reinados de Dom Manuel I e Dom João III, a partir das relações políticas e diplomáticas mantidas entre Portugal e a Cúria romana de 1515 a 1525. Esse recorte temporal refere-se ao período em que Dom Miguel da Silva esteve no cargo de embaixador em Roma, Dom Miguel foi um embaixador notável da história política de Portugal, aprendeu os saberes humanistas em Siena e em Paris a mando da coroa e ainda ocupou cargos políticos e religiosos de destaque, como escrivão da puridade e cardeal no papado de Paulo III. Com isso, buscamos também compreender qual o papel de Dom Miguel na tomada de decisões da monarquia portuguesa, num momento de estremas transformações no cenário político e cultural europeu, como a formação dos estados absolutistas modernos, as fundações das primeiras embaixadas permanentes, a reforma e contrarreforma religiosa, além da expansão marítima ou mobilização planetária que estava em vigor. A metodologia da pesquisa se dará por análise e confrontamento das quarenta e três cartas da correspondência diplomática, disponíveis no Corpo Diplomático Português (CDP, 1862-1898), com teóricos da linguagem política e historiografia referente ao campo da diplomacia, da administração do estado e da Igreja. Acreditamos que a leitura da correspondência poderá abrir caminhos para o entendimento do papel que as relações internacionais tiveram na construção da política portuguesa na era moderna e valorizar a atuação dos sujeitos históricos de destaque no âmbito político e diplomático. |