Resumo |
O Cowpea mild mottle virus (CPMMV) é o agente causal da necrose da haste da soja ocasionando sintomas como necrose da haste, necrose dos pecíolos e brotos, mosaico, mosqueado, redução do porte e até morte de plantas. O CPMMV (gênero Carlavirus, família Betaflexiviridae) possui genoma composto por RNA fita simples, sentido positivo, com comprimento entre 8,1-8,2 kb e cauda poli (A) na extremidade 3’-UTR (Untranslated Region). O genoma apresenta seis fases abertas de leitura (ORFs), incluindo o Bloco Triplo de Genes (TGB), ORFs 2-4, que é responsável pelo movimento viral. Apesar da caracterização biológica e molecular de diferentes isolados do CPMMV, há uma escassez de informação a respeito das interações vírus-hospedeiro. Compreender essas interações torna-se importante para o desenvolvimento de estratégias eficazes para o controle do vírus. Com esse objetivo, foram analisadas e identificadas proteínas do hospedeiro capazes de interagir com o TGB do CPMMV. Para isso, o gene que codifica a TGBp1 foi amplificado em uma reação de RT-PCR, purificado, digerido e ligado ao vetor pGBKT7 previamente digerido. Foi desenvolvida no Laboratório de Virologia Vegetal da UFV, uma biblioteca de cDNAs de RNAs mensageiros de plantas de soja infectadas. Os cDNAs estão clonados no vetor “presa” pGADT7. A proteína TGBp1, clonada no vetor pGBKT7, foi então utilizada como “isca” em um screening na biblioteca de cDNAs. As colônias obtidas ao final do processo foram sequenciadas, revelando a presença da proteína Sec13, uma subunidade de um complexo proteico que atua no transporte entre organelas, especificamente do retículo endoplasmático para o complexo de Golgi. A fim de confirmar a interação, utilizou-se do método Bimolecular Fluorescence Complementation (BiFC), onde a TGBp1 e a Sec13 foram subclonadas nos vetores pSITE-BiFC-C1nec e pSITE-BiFC-N1cen, que apresentam o fluoróforo YFP dividido em dois fragmentos N- e C-terminais respectivamente. Por meio de microscopia confocal, pode-se observar o restabelecimento da fluorescência do YFP com marcação nuclear e formação de agregados próximos à parede celular, indicando que houve a interação entre as proteínas. Tanto o screening na biblioteca cDNA quanto a técnica BiFC mostraram que há interação entre a proteína viral TGBp1 e a proteína da planta Sec13. Para maior validação dos resultados, serão realizados outros métodos futuramente. |