Resumo |
Como parte das atividades da disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio, esta pesquisa buscou refletir sobre a interculturalidade na escola indígena. Usamos como base para análise, a legislação que trata dos direitos dos povos indígenas contidos na Constituição Brasileira de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e no Plano Nacional de Educação (PNE: 2014 – 2024). Esses documentos asseguram a educação escolar intercultural e bilíngue com o intuito de assegurar a recuperação das memórias históricas e a reafirmação das identidades étnicas dos índios. Porém, antes da escola ser intercultural, as sociedades indígenas já estavam se relacionando com a sociedade não indígena, e o modo como ocorre essas relações refletem no cotidiano da escola, sendo ela uma instituição tão caracteristicamente criada pelas sociedades ocidentais, não compatíveis à cultura e realidade dos povos indígenas. Tendo em vista essas garantias previstas na LDB, juntamente com essas problemáticas levantadas pelo grupo, na disciplina, foi realizada uma visita a Escola Estadual Indígena Xakriabá Bukimuju localizada no município de São João das Missões no norte de Minas Gerais, onde foi feita uma entrevista semiestruturada com a professora Dulcilene de Araujo Souza Ribeiro, graduada no curso Intercultural de Educadores Indígenas em Língua, Arte e Literatura, oferecido pela UFMG. Assim por meio dessa entrevista e observação in-loco percebemos que a língua Xakriabá foi perdida com o tempo, e os professores junto à comunidade procuram meios para resgatá-la. Percebemos a sensibilidade da professora entrevistada no trabalho de alfabetização das crianças por meio da música, momento que também aprendem a língua Xakriabá de forma mais rápida e fácil. Nesse sentido, as metodologias de alfabetização são diferenciadas, envolvendo não só a música, mas também brincadeiras. A alfabetização, porém, é em Língua Portuguesa. Apesar da lei garantir uma escola bilingue, os Xakriabás não usam a língua mãe para a alfabetização por já a ter perdido, o que fazem é tentar resgatá-la aos poucos. A professora participa do projeto “Saberes Indígenas” onde cria e documenta músicas, brincadeiras da aldeia, e assim, tenta recuperar a língua mãe e documentar a cultura local. Foi observado que as escolas indígenas não seguem o mesmo calendário compatibilizado com eventos municipais como prevê a Resolução nº 2810 de 13/11/2015. Elas possuem calendário próprio, que contempla noites culturais onde os alunos são livres para qualquer apresentação cultural, sendo teatro, dança e música, bem como todos os estilos de música como o forró, funk, rep e indígena também. Desta forma, podemos concluir que, existe um maior esforço por parte dos educadores indígenas, que buscam a retomada de ensinamentos e costumes tradicionais, e o uso de metodologias diferenciadas para que ocorram o resgate da língua materna Xakriabá e de sua cultura. |