Fome e Abundância: Um Paradoxo Brasileiro?

17 a 22 de outubro de 2016

Trabalho 6789

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Extensão
Área de conhecimento Ciências Agrárias
Área temática Agricultura, agroecologia e meio ambiente
Setor Departamento de Solos
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Rafael Mauri
Orientador IRENE MARIA CARDOSO
Outros membros Eugênio Martins de Sá Resende
Título Revelando os tesouros escondidos da Agricultura Familiar
Resumo A chamada modernização da agricultura, que utiliza o pacote da Revolução Verde, se instalou no Brasil entre as décadas de 60 e 70, por meio de programas que priorizavam o aumento da produtividade agrícola. A Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) do país passou então a difundir o pacote tecnológico (agrotóxicos, adubos químicos, monoculturas, transgênicos) da revolução verde, o qual nega todo o saber da agricultura camponesa e familiar. Com a volta da democracia (década de 80), o movimento da agricultura alternativa se fortaleceu e nos anos 90 este movimento passou a se identificar com a agroecologia. Para a construção da agroecologia, muitos desafios técnicos e metodológicos precisaram e precisam ser superados. Isto porque a agroecologia não é apenas um conjunto de técnicas, mas um processo social que tem como base a horizontalidade e a construção de novos saberes, a partir da articulação entre os saberes técnico-científicos com a sabedoria popular. O Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata mineira (CTA-ZM), desde 1988, contribui com esse processo, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, sindicatos da agricultura familiar, cooperativas e movimentos sociais da região. Em 2013, o CTA aprovou o projeto ATER agroecologia, fruto de uma política de incentivo à produção orgânica e agroecológica de um governo popular. A proposta objetivou ampliar o número de famílias em processo de transição agroecológica. A partir da premissa da construção compartilhada dos conhecimentos, o projeto ATER agroecologia realizou um amplo conjunto de ações, como oficinas, visitas técnicas e intercâmbios agroecológicos. Os intercâmbios, baseados na metodologia camponês a camponês, são encontros que possibilitam a formação de ambientes de interação agroecológica, que permitem aproximar os saberes científicos e populares. É neste processo que os tesouros da agricultura familiar são revelados. As famílias agricultoras e camponesas beneficiárias do projeto diferenciam-se desde a composição familiar e o nível de diversificação das propriedades até a renda e o tamanho da terra, mas guardam uma característica comum: a busca por uma agricultura soberana e em harmonia com a natureza. Estas famílias são e possuem verdadeiros tesouros, dentre eles o conhecimento e inúmeras tecnologias sociais, mas que são descuidados pelos responsáveis pelas políticas públicas. Estes tesouros uma vez conectados com à agroecologia tornam-se a chave no processo de transformação social que se busca. O projeto ATER agroecologia formou uma verdadeira rede de conhecimentos, que se transformou em uma rede de práticas e vem consolidando e ampliando a agroecologia na região. O protagonismo das famílias agricultoras na construção do conhecimento agroecológico, pesquisadoras de suas próprias experiências, que buscam e reivindicam alternativas que contemplem seus modos de produção, de vida, de trabalho e cultura, tem se evidenciado como o caminho rumo à uma agricultura agroecológica.
Palavras-chave ater agroecologia, agricultura familiar, saber popular
Forma de apresentação..... Painel, Oral
Gerado em 0,66 segundos.