Resumo |
O Grupo Animais para Agroecologia trabalha com pesquisa, extensão e ensino fortalecendo a inserção do componente animal em sistemas agroecológicos na agricultura familiar. O trabalho com porcos Piaus é uma experiência entre o Grupo e duas famílias agricultoras dos municípios Pedra Dourada e Divino. Em 2014, cada família recebeu dois ternos de suínos e iniciaram a criação em sistema agroecológico. Assim, conformou-se o projeto de criação de suínos Piaus em sistemas agroecológicos, objetivando acompanhar e problematizar com os/as agricultores os desafios da criação de suínos na perspectiva agroecológica, construindo, de forma coletiva, estratégias para superação. Adicionalmente, o projeto objetiva favorecer a disseminação da raça e ser espaço de formação em extensão popular dos/as integrantes do Grupo. O acompanhamento é feito através de visitas às famílias, sendo que, até o momento, as mesmas ocorreram principalmente em Pedra Dourada. Nas visitas, são realizadas caminhadas transversais, leitura compartilhada do portfólio dos animais para abordagem do manejo nutricional sanitário e reprodutivo. Quanto ao manejo nutricional, houve a demanda da formulação de uma ração e, em relação ao manejo sanitário, foi realizada uma coleta de fezes e análises laboratoriais (OPG e coprocultura). Embora tenham vindo de sistema convencional, nota-se que os animais estão se adaptando bem ao sistema agroecológico. Atualmente, recebem alimentação orgânica e bem diversificada. Foi formulada uma ração com alimentos da propriedade (milho, mandioca, amendoim forrageiro, capoeira branca e papagaio). Encontramos alta infestação por larvas de Strongyloides ransomi e esofagócitos nas análises de fezes. Esse resultado possivelmente está relacionado à alta lotação dos piquetes e ao manejo inadequado dos dejetos. As duas famílias já abateram animais para consumo e uma delas disponibilizou um animal para consumo durante a 8ª Troca de Sabres, como forma de retribuir à universidade a disponibilização dos ternos de suínos. Animais também estão sendo comercializados tanto para consumo como para reprodução. Ressaltamos a experiência que a articulação com as famílias agricultoras tem proporcionado aos/as estudantes envolvidos no projeto, evidenciando como a extensão popular possibilita um espaço significativo e potente de formação dos acadêmicos e dos/as agricultores/as. A experiência também permite problematizar os limites do conhecimento técnico apreendido na universidade e construir intervenções adaptadas à realidade das famílias. As metodologias participativas adotadas, em especial o portfólio e a leitura compartilhada do mesmo, possibilitaram o registro e posterior resgate de informações importantes sobre as práticas da criação realizadas pelas famílias. Assim, as visitas, realizadas em pequeno número, devido às restrições orçamentárias, revelaram-se como momentos de intenso diálogo, troca e encaminhamentos para questões e dificuldades encontradas. |